Trans-Allegheny: História da psiquiatria americana e seus Eternos Moradores
- Thais Riotto
- 24 de jul.
- 4 min de leitura
Local: 50 S River Ave, Weston, WV 26452, Estados Unidos
O hospitais psiquiátricos de Lunaticos Trans-Allegheny (Trans-Allegheny Lunatic Asylum), localizado em Weston, no estado da Virgínia Ocidental (EUA), é um dos edifícios mais assombrados e impressionantes da história da psiquiatria americana e também um ícone da arquitetura gótica do século XIX.
Origem e História
O hospital psiquiátrico começou a ser construído em 1858, com base nas ideias da médica e ativista Dorothea Dix, que defendia condições mais humanas para o tratamento de pessoas com doenças mentais. Foi idealizado a partir das reformas psiquiátricas, muito comuns no século XIX.
Ele foi projetado segundo o “Plano Kirkbride”, modelo vanguardista na época, que propunha edifícios amplos, jardins, iluminação natural e ventilação para proporcionar bem-estar aos pacientes.
Inicialmente, o Trans-Allegheny foi pensado para 250 pacientes, mas ao longo do tempo, com o crescimento populacional e a negligência estatal, esse número explodiu chegando a mais de 2.400 pessoas na década de 1950.
O Trans-Allegheny Lunatic Asylum, inicialmente chamado de Weston State Hospital, foi criado com uma finalidade humanitária: abrigar e tratar pessoas com doenças mentais de maneira digna e terapêutica
Antes disso, pacientes eram mantidos em prisões, porões de igrejas ou isolados em casa, muitas vezes acorrentados. A proposta do asilo era revolucionária para a época.
O funcionamento do complexo hospitalar
Capacidade e estrutura
Foi projetado para abrigar 250 pacientes em um espaço amplo, com jardins, ar fresco e luz natural, promovendo cura através da ordem, tranquilidade e contato com a natureza;
No entanto, em seu auge nos anos 1950, o local chegou a abrigar 2.400 pessoas, quase 10 vezes sua capacidade original, o que gerou superlotação extrema, degradação e colapso no sistema de cuidados.
Características:
Estilo gótico-vitoriano, com influências neoclássicas.
Edifício principal com mais de 270 metros de comprimento e paredes com até 60 cm de espessura.
Grandes janelas, pé-direito alto, torres centrais e alas simétricas.
O projeto buscava promover a cura por meio da beleza, ordem e tranquilidade.
Instalações autossuficientes
O hospital psiquiátrico era praticamente uma cidade isolada, com:
Fazendas e jardins internos;
Estábulos, padaria, lavanderia e açougue;
Oficinas para carpintaria, costura e pintura;
Escola, igreja, necrotério e cemitério.
Essa estrutura permitia que pacientes trabalhassem em tarefas consideradas terapêuticas, mas muitas vezes isso também era uma forma de exploração laboral não remunerada.
Quem eram os pacientes?
Inicialmente, recebia apenas pacientes com doenças mentais diagnosticadas. No entanto, com o tempo, a porta foi aberta para pessoas com comportamentos considerados “inconvenientes” ou “indesejáveis” pela sociedade da época.
Motivos absurdos para internação:
Registros históricos mostram que pessoas eram internadas por:
Depressão pós-parto;
“Leitura excessiva”;
“Imaginação vívida”;
Rebeldia feminina;
Homossexualidade;
Epilepsia;
Alcoolismo ou uso de ópio;
“Preguiça crônica” ou “religiosidade intensa”.
Mulheres, especialmente, eram internadas por motivos políticos, sociais ou morais, muitas vezes por maridos ou familiares que desejavam controlá-las.
Tratamentos aplicados
Com o tempo e a superlotação, os tratamentos se tornaram cada vez mais agressivos e experimentais, refletindo os limites da medicina da época:
Tratamentos utilizados:
Lobotomias: o hospital era um dos maiores centros desse procedimento nos EUA; o Dr. Walter Freeman, famoso por popularizá-las, atuava ali com frequência;
Eletrochoque (ECT), muitas vezes usado sem anestesia;
Banhos de gelo e privação sensorial;
Confinamento solitário em celas escuras;
Sedação química intensa com drogas experimentais;
Exorcismos e intervenções religiosas, em alguns períodos mais religiosos.
Abusos, negligência e mortes
A decadência do Trans-Allegheny se tornou evidente nas décadas de 1940 a 1980. Relatórios descrevem:
Casos de pacientes esquecidos por semanas;
Episódios de violência entre internos, muitas vezes mortais;
Mortes não explicadas e enterradas sem registros completos no cemitério anexo;
Falta de higiene, com fezes nos corredores e colchões empilhados em áreas de confinamento;
Funcionários despreparados, mal pagos e em número insuficiente.
Estima-se que milhares de pessoas morreram ali, algumas de causas naturais, outras por negligência ou violência.
A partir da década de 1980, com reformas na política de saúde mental nos EUA, houve um movimento de desinstitucionalização. Os hospitais psiquiátricos foram fechados, e os pacientes enviados para programas comunitários (que, muitas vezes, não existiam).
Em 1994, o Trans-Allegheny Lunatic Asylum foi oficialmente desativado, após décadas de denúncias, investigações e protestos da comunidade médica e da sociedade civil.
O legado do hospital psiquiátrico
Museu sobre a história da psiquiatria;
Local de turismo paranormal;
Registro sombrio dos erros do passado na medicina mental;
Memorial às vítimas de abusos, esquecimentos e da estigmatização da doença mental.
Atividades paranormais mais comuns:
Gritos, passos e gemidos vindos dos corredores vazios;
Portas que se fecham sozinhas, luzes que piscam e sombras misteriosas;
Objetos que se movem inexplicavelmente;
Vozes sussurrando nomes ou frases em salas vazias;
Sensações físicas como ar gelado, pressão no peito ou toques invisíveis.
Eternos Pacientes:
Ruth, uma ex-paciente agressiva, que jogava objetos nos funcionários — dizem que ela ainda atira pedras nos visitantes;
Lily, uma garotinha de aproximadamente 9 anos, supostamente nascida no asilo, que morreu ali. Ela é associada à sala das crianças, onde bolas se movem sozinhas e brinquedos tocam sozinhos;
O Médico Sem Rosto, visto perto da ala cirúrgica, onde ocorriam lobotomias;
Sombras e vultos que percorrem as escadas e corredores durante a noite.
Visitas e Turismo Paranormal
Tours históricos diurnos, contando a história da psiquiatria americana;
Ghost tours noturnos, com percursos guiados por alas abandonadas;
Eventos especiais, como pernoites paranormais e Halloween tours;
O local preserva registros originais, quartos intactos, enfermarias, e instrumentos médicos da época.
Site oficial: https://www.trans-alleghenylunaticasylum.com





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