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Os Segredos Ocultos das Bruxas da Amazônia


Em meio à vastidão verde da floresta amazônica, onde os rios sussurram segredos antigos e as árvores tocam o céu como antenas do invisível, vivem mulheres que carregam saberes milenares.


Conhecidas por alguns como bruxas, por outros como parteiras, curandeiras, rezadeiras, erveiras ou pajés femininas, essas guardiãs da floresta possuem um vínculo profundo com a natureza – um pacto silencioso entre o humano e o sagrado.

 

Herança de Saberes Ancestrais


A figura da “bruxa amazônica” não é um estereótipo europeu com vassoura e chapéu pontudo. Ela é uma mulher de pés descalços na terra quente, mãos calejadas por preparar remédios da mata, e olhos que enxergam o visível e o invisível. Carrega os conhecimentos passados por mães, avós e pelos próprios espíritos da floresta.


Muitas dessas mulheres pertencem a comunidades indígenas, ribeirinhas ou quilombolas. Seus saberes envolvem o uso ritualístico e medicinal de plantas como o jaborandi, a unha-de-gato, o cipó-cravo, a ayahuasca e a chacrona, além do preparo de banhos de descarrego, garrafadas e rezas de cura.

 

Rituais, Plantas e Espíritos


Seus rituais mesclam elementos do catolicismo popular, das religiões afro-brasileiras e da espiritualidade indígena. Elas falam com as plantas, invocam encantados da mata, dançam com o som dos maracás e se banham nas águas sagradas do rio para renovar a alma e curar o corpo.


Essas mulheres conhecem as "plantas mestres", aquelas que curam, ensinam e conectam com outros planos. Elas praticam o uso espiritual da ayahuasca, do rapé, do sangue-de-dragão, da tucupi negro, e até de elementos animais, sempre com ética e reverência à floresta.

 

Bruxaria ou Sabedoria Verde?


Chamadas de "bruxas" por forasteiros ou pelos que temem o que não compreendem, elas não se importam com o rótulo. Sabem que seu poder não vem de feitiços, mas da observação sensível da natureza, da escuta dos ventos e da dança com os ciclos lunares.

Elas vivem entre os mundos: o físico e o espiritual, o visível e o encantado.


Suas casas são pequenos templos, com folhas secando no teto, altares com santos e pedras, e panelas fervendo infusões que curam males do corpo e da alma.


 Ameaças e Resistência


Essas mulheres enfrentam muitos desafios. O avanço do desmatamento, o apagamento cultural e a violência contra suas comunidades colocam em risco não só seus corpos, mas também a continuidade desses saberes.


Muitas são perseguidas, silenciadas ou desacreditadas, mas resistem com firmeza, como as raízes das samaumeiras.

 

O Legado Vivo das Guardiãs da Floresta


Bruxas da Amazônia não são lendas. São mulheres reais, com nomes, histórias e cicatrizes.


Elas nos ensinam que a magia verdadeira está na terra que pisamos, na folha que cura, no canto que chama a chuva, e no respeito profundo ao ciclo da vida.


Conhecê-las é um privilégio. Honrá-las é um dever.

 

Dica para os Visitantes Conscientes:


Se você viajar para a Amazônia e tiver a sorte de conhecer uma dessas mulheres, vá com humildade.


Leve uma escuta atenta, não tire fotos sem permissão, e entenda que o tempo delas é o tempo da floresta, sagrado, profundo e vivo.

 

Referências e Leituras Complementares:


  • “A Queda do Céu” – Davi Kopenawa e Bruce Albert

  • “Encantados: Histórias de Pajés, Parteiras e Curandeiros da Amazônia” – Instituto Socioambiental

  • Relatos da série "Amazônia Oculta" – Canal Curta

  • Documentário “O Espírito da Floresta” – sobre pajelança feminina no Acre e no Pará

  • Projeto "Encantaria" – Núcleo de Estudos da Amazônia (UFPA)

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