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OCEANO EM ALERTA: O Lixo e os Animais Marinhos


 Oceano em Alerta: Introdução

O oceano, responsável por mais de 70% da superfície do planeta, é um dos pilares essenciais da vida na Terra. Ele regula o clima, abriga milhões de espécies e fornece alimento, oxigênio e subsistência para bilhões de pessoas. No entanto, está gravemente ameaçado.


A poluição marinha, em especial o acúmulo de plásticos e resíduos sintéticos, vem provocando danos irreversíveis à biodiversidade marinha e aos ecossistemas costeiros. A crise não é apenas ambiental  é humanitária, sanitária e econômica.


 

A dimensão do problema


Segundo dados do Pew Charitable Trusts (2020), aproximadamente 11 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos a cada ano. Se nada for feito, essa quantidade pode quase triplicar até 2040.


O estudo “Breaking the Plastic Wave” destaca que, sem ações coordenadas, o oceano poderá conter mais plástico do que peixe (em peso) até meados do século.


No Brasil, pesquisa da ONG Ocean Conservancy em parceria com a Universidade de São Paulo estima que 325 mil toneladas de plásticos por ano acabam nas águas costeiras do país.


Esses resíduos incluem garrafas, sacolas, embalagens, redes de pesca e microplásticos partículas menores que 5 mm que entram na cadeia alimentar com consequências alarmantes.

 

pactos na biodiversidade marinha - Ingestão e sofrimento animal

Animais marinhos confundem plásticos com presas naturais:


  • Tartarugas marinhas, ao confundirem sacolas plásticas com águas-vivas, sofrem obstruções intestinais fatais. Um estudo de Schuyler et al. (2014) indica que a ingestão de apenas um item plástico pode ser letal.


  • Aves marinhas ingerem fragmentos coloridos pensando serem peixes. Em 2024, cientistas encontraram um filhote de albatroz com mais de 700 pedaços de plástico no estômago, em Lord Howe Island.


  • Baleias, golfinhos e peixes apresentam lesões internas causadas por ingestão acidental, além de redução na taxa de reprodução por contaminação química.


  • Microplásticos são ingeridos por plânctons, moluscos, crustáceos e peixes, afetando toda a cadeia trófica — inclusive humanos, no consumo de frutos do mar.

 

Emaranhamento e trauma

Além da ingestão, muitos animais sofrem com emaranhamento em redes abandonadas (redes fantasmas), linhas de pesca e outros detritos. Isso resulta em ferimentos, amputações e morte por asfixia ou inanição.


Segundo a FAO, 640 mil toneladas de equipamentos de pesca são perdidas ou descartadas nos oceanos todos os anos.

 

Consequências ecológicas e humanas

A contaminação dos oceanos por plástico impacta:


  • Cadeia alimentar: Substâncias tóxicas aderidas aos microplásticos (como BPA, ftalatos e metais pesados) bioacumulam em organismos e biomagnificam em predadores superiores.


  • Função ecológica: Plásticos flutuantes modificam habitats, impedem a entrada de luz solar, comprometem a fotossíntese do fitoplâncton — responsável por mais da metade do oxigênio do planeta.


  • Saúde humana: Já foram detectados microplásticos no sangue humano, na placenta, no leite materno e nas fezes (Ragusa et al., 2021; Leslie et al., 2022).


  • Economia azul: A pesca artesanal, o turismo de natureza e as comunidades costeiras enfrentam prejuízos crescentes.

 

Educação ambiental e papel das políticas públicas


A transformação da crise marinha passa, necessariamente, pela educação ambiental crítica, pela mudança de consumo e pela pressão política por regulamentações eficazes.


Medidas fundamentais:


  1. Educação desde a infância, com foco em sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

  2. Programas de coleta seletiva, logística reversa e taxação de plásticos descartáveis.

  3. Incentivo a tecnologias limpas, como bioplásticos e materiais biodegradáveis (ex: o plástico japonês que se dissolve em água do mar em horas – Universidade de Tóquio, 2025).

  4. Apoio a tratados internacionais, como o Acordo Global sobre Plásticos que vem sendo negociado pela ONU.

  5. Fortalecimento de iniciativas cidadãs e mutirões costeiros, como o projeto "Missão Oceano" no Brasil e o "The Ocean Cleanup" no Pacífico.

 

Exemplos inspiradores de ação


  • Boyan Slat, engenheiro holandês, criou o projeto The Ocean Cleanup, que já removeu quase 20 mil toneladas de plástico do oceano usando barreiras flutuantes autônomas.


  • Cientistas brasileiros da UFSC mapearam 181 artigos sobre poluição marinha no Atlântico Sul, identificando aumento alarmante na ingestão de plásticos por fauna em apenas uma década.


  • Amazônia Azul, conceito que valoriza o mar territorial brasileiro, propõe políticas integradas para conservação, pesquisa científica e uso sustentável dos recursos marinhos.

 

A crise do plástico nos oceanos é uma das emergências ambientais mais urgentes da atualidade.


Não é invisível está em cada praia suja, em cada animal morto, em cada prato de peixe contaminado.

 

Agir agora é uma responsabilidade coletiva. Podemos:

  • Reduzir o uso de plásticos descartáveis.

  • Fazer escolhas de consumo conscientes.

  • Apoiar leis e empresas sustentáveis.

  • Ensinar, educar, inspirar.


O oceano cuida de nós. Está na hora de retribuirmos esse cuidado.

 

Lixo invisível: microfibras de roupas


  • Cada vez que lavamos roupas sintéticas (poliéster, nylon, elastano), milhares de microfibras plásticas são liberadas nas águas.


  • Esses resíduos chegam ao oceano através de rios e estações de tratamento e são ingeridos por plânctons, moluscos e peixes, entrando na cadeia alimentar.


  • Um único ciclo de lavagem pode liberar até 700 mil fibras plásticas (Universidade de Plymouth, UK).

Poluição química associada ao plástico


  • O plástico atrai substâncias tóxicas como PCBs, dioxinas e pesticidas organoclorados.


  • Essas substâncias se acumulam nos corpos dos animais e desregulam hormônios, causam infertilidade, câncer e alterações comportamentais.


Ilhas de lixo (Gyres)

  • As grandes correntes oceânicas formam redemoinhos que concentram lixo em áreas conhecidas como "giros de plástico".


  • A maior delas é a Grande Mancha de Lixo do Pacífico (Great Pacific Garbage Patch), entre a Califórnia e o Havaí — com 1,6 milhão de km², é maior que o estado do Amazonas.

Impacto em comunidades humanas


  • Povos costeiros, pescadores artesanais e comunidades tradicionais dependem diretamente da saúde dos oceanos para subsistência.


  • A poluição afeta o turismo, pesca e saúde pública — além de provocar injustiça ambiental, onde os que menos poluem são os mais afetados.

 

SOLUÇÕES PRÁTICAS PARA LIMPAR E PROTEGER OS OCEANOS

 

Ações de CURTO PRAZO (individuais e comunitárias)


  1. Eliminar plásticos descartáveis do dia a dia

    • Usar ecobags, garrafas reutilizáveis, canudos de inox ou bambu, potes de vidro.

  2. Lavar roupas sintéticas com filtros de microfibras

    • Existem bolsas filtrantes (como a Guppyfriend) e filtros adaptáveis que capturam microfibras na lavagem.

  3. Separar e descartar corretamente o lixo

    • Participar de coleta seletiva, evitar jogar lixo em locais abertos, praias e bueiros.

  4. Participar de mutirões de limpeza de praias e rios

    • Ações organizadas por ONGs como Sea Shepherd, Instituto Mar Urbano, Projeto Tamar, ou criar seus próprios grupos.

  5. Educar e conscientizar localmente

    • Promover oficinas em escolas, condomínios e redes sociais.

 

Ações de MÉDIO PRAZO (sociais, políticas e empresariais)


  1. Pressionar por legislação ambiental mais rígida

    • Apoiar políticas de restrição a plásticos descartáveis (como a proibição de sacolas em SP e RJ).

  2. Apoiar empresas com embalagens biodegradáveis e recicláveis

    • Consumir de marcas sustentáveis e exigir responsabilidade socioambiental.

  3. Incentivar logística reversa

    • Cobrar que grandes indústrias de bebidas, alimentos e cosméticos recolham suas embalagens.

  4. Criar cooperativas e programas de reciclagem local

    • Organizar pontos de coleta, incentivar catadores e estimular economia circular.

 

Ações de LONGO PRAZO (inovação e reestruturação)


  1. Investir em infraestrutura de tratamento de esgoto e resíduos sólidos

    • No Brasil, mais de 100 milhões de pessoas não têm acesso a coleta e tratamento adequado de esgoto.

  2. Transformar o modelo econômico em economia azul regenerativa

    • Fomentar atividades sustentáveis como aquicultura de baixo impacto, biotecnologia marinha e turismo ecológico.

  3. Educar uma geração oceânica (Ocean Literacy)

    • Inserir a educação marinha no currículo escolar, formando cidadãos conscientes desde cedo.

  4. Firmar tratados internacionais vinculantes

    • Apoiar o novo Tratado Global sobre Plásticos da ONU (em negociação até 2025), que pode regulamentar a produção, uso e descarte de plástico em escala global.

 

O QUE A TECNOLOGIA ESTÁ FAZENDO PARA AJUDAR

 

1. The Ocean Cleanup

  • Barreira flutuante autônoma que coleta plástico em mar aberto.

  • Já removeu milhares de toneladas da Grande Mancha de Lixo do Pacífico.

 

2. Plásticos biodegradáveis e hidrossolúveis

  • Cientistas japoneses criaram um plástico que se dissolve em água salgada em até 24h, sem gerar microplásticos.

  • Bioplásticos feitos de algas, mandioca e cogumelos também estão em desenvolvimento.

 

3. Satélites e drones para monitoramento

  • Satélites da ESA e drones equipados com sensores monitoram fluxo de lixo marinho e áreas de maior risco.

  • Facilitam a ação coordenada entre governos e ONGs.

 

4. Robôs submarinos limpadores

  • Equipamentos como o WasteShark (robô aquático movido a energia solar) recolhem resíduos plásticos flutuantes em portos e rios.

  • O robô é autônomo, silencioso e sustentável.

 

5. Bactérias e fungos que degradam plástico

  • Cientistas descobriram enzimas como a PETase, que decompõem plástico PET em dias.

  • Pesquisas em microbiologia marinha buscam escalar essas soluções para uso industrial.

 

A luta pela proteção dos oceanos vai muito além do ativismo: é uma urgência científica, econômica, ética e espiritual.


Estamos diante de um ponto crítico na história da humanidade. E embora o problema seja imenso, as soluções existem e já estão em curso, mas dependem da união entre pessoas, governos, empresas e tecnologia. Cuidar dos oceanos é cuidar da nossa própria sobrevivência.

 

COMO O LIXO AFETAM OS ANIMAIS

 

Alguns exemplos:


1. Tartarugas Marinhas: Sacolas que Matam

Situação:

Tartarugas marinhas confundem sacolas plásticas com águas-vivas, uma de suas principais fontes de alimento. Ao ingerir o plástico, o material se aloja no trato digestivo e bloqueia a passagem de alimentos reais, provocando inanição, infecções e morte dolorosa.


Além disso, gases produzidos pela fermentação do plástico no estômago causam flutuabilidade anormal, impedindo a tartaruga de mergulhar o que leva à morte por exaustão ou predação.


Exemplo:

Em 2022, uma tartaruga-verde (Chelonia mydas) foi encontrada em Ubatuba/SP com 87 pedaços de plástico no estômago, incluindo tampas, fragmentos de escova de dente e embalagens. Apesar do resgate, ela morreu após três dias por infecção intestinal severa.

 

2. Golfinhos: Redes Fantasmas e Asfixia


Situação:

Golfinhos ficam presos em redes de pesca abandonadas (conhecidas como "redes fantasmas") que flutuam à deriva.


Como são mamíferos, eles precisam subir para respirar.

Quando emaranhados, não conseguem emergir e morrem asfixiados lentamente. Mesmo quando conseguem escapar, frequentemente ficam com membros amputados ou mutilados, comprometendo sua sobrevivência.


Exemplo:

Um golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) foi filmado por mergulhadores nas Ilhas Galápagos com uma linha de pesca cortando seu pedúnculo caudal (região entre a nadadeira e o corpo).


A linha estava incrustada na carne e comprometia a movimentação sem intervenção humana, ele não sobreviveria.


 

3. Baleias: Quilos de Lixo no Estômago e Amarradas em Redes de Pesca


Situação:

Baleias filtradoras, como as jubartes ou cachalotes, ingerem grandes volumes de água para se alimentar. Isso as leva a engolir acidentalmente resíduos plásticos, como sacolas, lonas agrícolas e até barris.


Esses resíduos se acumulam em seus estômagos, causando obstrução, infecção e desnutrição extrema, mesmo com o animal aparentemente bem nutrido.


Exemplo:

Em 2019, uma baleia-cachalote foi encontrada morta na Sardenha, Itália, com 22 kg de plástico no estômago, incluindo cabos, sacolas, redes e partes de automóveis. Os exames revelaram perfuração intestinal e septicemia como causa da morte.

 

4. Pinguins: Fragmentos que Causam Lesões Internas


Situação:

Pinguins, especialmente os da espécie Spheniscus magellanicus (pinguim-de-Magalhães), ingerem fragmentos de plástico misturados ao krill e peixes.


Esses pedaços causam abrasões internas, sangramentos e inflamações no estômago, além de transmitir toxinas que afetam o sistema neurológico.


Exemplo:

Estudo realizado pela UFSC analisou 71 pinguins encalhados no litoral sul do Brasil: 98% tinham plástico no trato digestivo, incluindo lacres de garrafa, canudos e microplásticos. Em muitos, o estômago já estava necrosado.

 

5. Polvos e Crustáceos: Casas Feitas de Lixo


Situação:

Espécies como polvos, caranguejos e pequenos peixes marinhos usam objetos do fundo do mar como abrigo.


Em ambientes contaminados, escolhem copos plásticos, latas e pedaços de isopor para se esconder o que os expõe a substâncias tóxicas, atrasa seu crescimento e os torna mais vulneráveis a predadores.


Exemplo:

Na costa do Japão, mergulhadores documentaram um polvo (Octopus vulgaris) vivendo dentro de uma lata de refrigerante, usando uma tampa plástica como porta.


Apesar da engenhosidade do animal, ele vivia em um ambiente contaminado e sem acesso a alimento abundante.

 

6. Peixes e Microplásticos: Contaminação Invisível


Situação:

Peixes de pequeno porte, como sardinhas, cavalas e tainhas, ingerem microplásticos presentes na coluna d’água. Como são base alimentar de predadores (inclusive humanos), o plástico é bioacumulado e biomagnificado, chegando ao topo da cadeia.


Além disso, estudos demonstram danos hepáticos, distúrbios hormonais e comportamento anormal nesses peixes.


Exemplo:

Pesquisas no litoral de Santos-SP identificaram microplásticos no tecido muscular de peixes comercializados para consumo humano. Os compostos tóxicos presentes nos plásticos são ligados a problemas endócrinos e câncer.

 


Esses casos não são exceções são a nova realidade dos oceanos. O lixo que descartamos hoje vira armadilha, alimento falso ou armamento químico para os animais marinhos.


A natureza está nos enviando sinais de alerta há décadas. Ou mudamos agora, ou seremos lembrados como a espécie que sufocou os oceanos com plástico.

1 comentário

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Lucia
06 de ago.
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E as pessoas acham que é um papel que se joga na rua está tudo bem, não sou mergulhadora, mas moro em cidade de praia, é triste ver o lixo na areia, e saber que há mais lixo do que projetos para melhorar, o mar o planeta precisa de ajuda

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