O Mistério Submerso de Goiás: Ruinas do Cemitério de São Domingos
- Thais Riotto
- 13 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de jun.
As Ruínas Esquecidas do Cemitério de São Domingos
Imagine mergulhar em um lago sereno, de águas calmas e cristalinas, e encontrar sob a superfície os restos silenciosos de um cemitério. Túmulos, muros de pedra, estruturas parcialmente intactas – tudo imerso em um mundo aquático onde a memória e o tempo dormem juntos. Essa não é uma cena de filme. É real. E fica em Goiás.
Onde o Passado Ainda Respira debaixo d’água
No pequeno e encantador município de São Domingos, no Nordeste goiano, existe um segredo guardado pelas águas do lago que leva o mesmo nome da cidade. Sob a superfície do Lago de São Domingos, repousam as ruínas de um antigo cemitério — hoje um verdadeiro relicário submerso, com um passado tão fascinante quanto melancólico.
Em 1989, com o avanço do progresso e a necessidade de geração de energia elétrica, a CELG (Companhia Energética de Goiás) finalizou um projeto de represamento do rio que atravessa a cidade. O que era uma vila pacata, com casas, escolas, campo de futebol e um cemitério tradicional, foi aos poucos desaparecendo sob a água.
Mas diferente do que muitos pensam, os corpos enterrados ali não foram esquecidos: foram todos exumados com respeito e transferidos para um novo cemitério, garantindo que a memória da comunidade fosse preservada — ainda que o solo original estivesse prestes a desaparecer.
Redescoberta Subaquática: O Chamado dos Mergulhadores
Décadas depois, em 2024, o bombeiro e mergulhador Marcelo Peregrino decidiu explorar as profundezas do lago. O que ele encontrou foi surpreendente: estruturas preservadas de túmulos, muros de pedra ainda firmes, traços da arquitetura rudimentar do interior goiano. Os vídeos feitos por ele viralizaram nas redes e acenderam o interesse por um lugar que muitos sequer sabiam que existia.
Segundo Marcelo (bombeiro e mergulhador) “Não passei por toda a extensão, mas o cemitério é grande. O muro do fundo e lateral são de pedra, o muro da frente era de tijolo comum, mas derrubaram.”
O que era apenas um mergulho virou arqueologia espontânea — e uma janela aberta para o passado.
Por Que Isso É Tão Incrível?
Porque é um dos poucos cemitérios submersos do Brasil que ainda mantém estruturas visíveis sob a água.
Um verdadeiro museu subaquático de memórias. O cenário é cinematográfico: cruzes cobertas por algas, pedras talhadas à mão, muros colapsados — tudo envolto em silêncio e água.
Além disso:
O local é acessível para mergulhadores com nível básico a intermediário.
A visibilidade é variável, mas em dias claros, chega a ser surpreendentemente nítida.
A área possui riqueza natural e histórica, situada próxima ao Parque Estadual Terra Ronca, famoso por suas cavernas e trilhas.
Turismo, Mistério e o Chamado da História
O Lago de São Domingos hoje é procurado por amantes da natureza e praticantes de esportes aquáticos. Mas poucos conhecem o que existe debaixo. Mergulhar ali é entrar em um portal, onde tempo e espaço se misturam. Há quem diga que sente algo diferente nas águas, uma presença. Outros relatam avistamentos, sensações, sonhos.
E por mais que o misticismo esteja presente, o que atrai de verdade é a emoção de visitar um lugar onde a história não foi apagada — apenas submersa.
Atenção, Mergulhadores e Exploradores de Alma!
Você, que procura um mergulho fora do comum — este é o seu próximo destino. O cemitério submerso de São Domingos é:
Seguro para mergulho recreativo com supervisão.
Uma experiência visual e emocional inesquecível.
Um ponto histórico que ainda não virou roteiro oficial — ou seja, você pode ser pioneiro.
Nem Toda História Está Escrito em Pedra — Algumas Estão Submersas
As ruínas do cemitério de São Domingos são um lembrete de que a memória não desaparece. Ela se adapta. Se molda às águas. E espera, quieta, que alguém a redescubra.




Essa parte do mergulho é muito interessante e muda toda a história de um local, não mergulho, mas acho de extrema importância o que vocês fazem, mesmo como lazer, pois permite achar e ver partes da história que muitos nem sabem que existe.
Parabéns ao bombeiro e mergulho que filmou, e você pela reportagem, eu nunca tinha ouvido falar desse local, e olha que gosto de pesquisar lugares submersos, para fazer meus mergulhos virtuais, como usou o termo em outro post.