Frequências Sonoras e sua influência na mente
- Thais Riotto
- 4 de out.
- 4 min de leitura
O que são frequências sonoras
Som é uma vibração mecânica que se propaga por um meio (ar, água, sólidos).
Essa vibração é medida em frequência, que corresponde ao número de ciclos por segundo da onda sonora.
A unidade é o hertz (Hz), que significa ciclos por segundo.
20 Hz a 20.000 Hz → faixa que o ouvido humano percebe.
Infrassons → abaixo de 20 Hz (normalmente não audíveis, mas podem ser sentidos no corpo).
Ultrassons → acima de 20.000 Hz (usados em tecnologia, como ultrassom médico).
Frequências e a mente humana
O cérebro também trabalha com frequências elétricas (ondas cerebrais), e há décadas pesquisadores estudam a relação entre ondas sonoras externas e estados mentais.
Ondas cerebrais (EEG):
Delta (0,5–4 Hz): sono profundo
Teta (4–8 Hz): relaxamento, meditação leve
Alfa (8–12 Hz): relaxamento consciente, criatividade
Beta (12–30 Hz): foco, atenção
Gama (30–100 Hz): cognição avançada
A ideia é que sons rítmicos ou frequências específicas poderiam “arrastar” ou sincronizar o cérebro para estados semelhantes isso é chamado de entrainment ou arrastamento neural.
História e origem do uso de frequências sonoras para influenciar a mente
Antiguidade (rituais e religiões):
Povos antigos usavam tambores e cânticos repetitivos para induzir estados alterados de consciência (xamanismo, budismo, religiões africanas, gregos com o aulos).
O “poder” estava na repetição rítmica, que podia alterar a percepção e provocar transe.
Pitagóricos (século VI a.C.):
Pitágoras e seus discípulos acreditavam na “música das esferas” e no efeito moral e psicológico da música.
Usavam escalas musicais para acalmar ou estimular emoções.
Idade Média e Renascimento:
Monges gregorianos usavam o canto monofônico para meditação coletiva.
Teorias sobre “frequências sagradas” (como os tons de Solfeggio) surgiram mais tarde na tradição esotérica.
Século XIX (ciência moderna):
Em 1839, Heinrich Wilhelm Dove descobriu o fenômeno dos batimentos binaurais (quando dois tons próximos, um em cada ouvido, criam uma frequência “fantasma” percebida pelo cérebro).
Isso abriu caminho para experimentos de indução de estados mentais.
Século XX (neurociência e usos militares):
Décadas de 1950–70: pesquisas em psicoacústica e no uso de sons para controle do comportamento (às vezes ligadas a projetos militares, como o MKUltra nos EUA).
Anos 1980 em diante: popularização do áudio para relaxamento e meditação, com CDs de “brainwave entrainment”.
Século XXI (uso comercial e terapêutico):
Hoje, apps e músicas de binaural beats ou “frequências curativas” são usados para foco, sono e meditação.
Algumas práticas terapêuticas utilizam musicoterapia e sound healing (tigelas tibetanas, gongs, frequências específicas).
Essas frequências vêm da noção de que determinados números teriam propriedades harmônicas e espirituais.
Muitas referências vêm da numerologia pitagórica, onde números são associados a proporções universais.
Há também a ideia de que o som é vibração e, portanto, poderia “reorganizar” a energia do corpo e do ambiente.
As principais frequências “místicas” e sua fama
432 Hz – a “afinação natural”
Defensores dizem que o Lá musical (nota A) deveria ser afinado em 432 Hz, em vez dos 440 Hz padrão moderno.
Alegam que 432 Hz seria matematicamente alinhado com proporções da natureza (ciclos do Sol, proporção áurea, ressonância da água).
Muitos dizem que músicas nessa frequência transmitem paz, clareza e conexão espiritual.
A fama moderna começou nos anos 1980–90 em círculos esotéricos e ganhou força na internet nos anos 2000.
Mas: cientificamente, não existe prova de que 432 Hz tenha efeito especial. É apenas uma afinação diferente (um pouquinho mais grave).
528 Hz – a “frequência do amor” ou da cura do DNA
Conhecida como parte da série dos “tons solfeggio”, que seriam seis notas antigas ligadas a hinos gregorianos.
O pesquisador e médico Joseph Puleo (anos 1970) e depois Leonard Horowitz (anos 1990) popularizaram a ideia de que 528 Hz teria poder de cura celular, regeneração do DNA e energia de amor.
É chamada também de “milagre” (MI, de miraculum no latim).
Hoje é muito usada em músicas de meditação, reiki, yoga e terapias alternativas.
Novamente, não há comprovação científica, mas muitos relatam sensações de calma e bem-estar.
Outras frequências da série “Solfeggio”
Supostamente ligadas a cânticos sagrados:
396 Hz – libertação do medo e da culpa
417 Hz – mudança e transmutação
528 Hz – amor e cura
639 Hz – harmonia nos relacionamentos
741 Hz – despertar da intuição
852 Hz – retorno ao espírito, conexão espiritual
A maioria dessas associações vem da interpretação moderna feita por Horowitz e outros pesquisadores da “nova era”.
Linha do tempo da fama
Antiguidade: músicas, mantras e cânticos já eram usados para alterar consciência, mas sem referência direta a Hertz, porque o conceito de Hz só surgiu no século XIX.
Século XX (anos 1930–50): padrão de afinação foi definido em 440 Hz internacionalmente → alguns músicos já preferiam 432 Hz por acharem mais “agradável”.
Anos 1970–90: Joseph Puleo e Leonard Horowitz trazem os tons Solfeggio e associam 528 Hz à cura.
Anos 2000–2020: com a internet, vídeos no YouTube, músicas de meditação e movimentos espirituais espalham a fama dessas frequências pelo mundo.








Obrigada eu precisava muito disso nesse momento