Experimento Submarino com Vinhos em Ilhabela
- Thais Riotto
- 9 de mai.
- 4 min de leitura

O experimento com vinhos submersos no fundo do mar em Ilhabela foi uma iniciativa inusitada e sofisticada que reuniu ciência, enologia e o terroir marinho da costa brasileira. Abaixo está uma descrição detalhada do experimento, suas condições, resultados e a reação dos sommeliers.
O projeto foi idealizado pela vinícola Vivente Vinhos Vivos, que buscou testar os efeitos do envelhecimento submarino em seus rótulos.
A iniciativa atraiu a atenção de especialistas e entusiastas do vinho, que participaram de degustações para comparar as diferenças entre os vinhos envelhecidos no mar e os armazenados em adegas tradicionais.
Objetivo
O experimento visava testar como as condições do fundo do mar — como pressão, ausência de luz, temperatura estável e leve movimentação das correntes — influenciam no envelhecimento e nas características sensoriais dos vinhos. A prática se inspira em descobertas acidentais de garrafas antigas recuperadas de naufrágios, que apresentaram excelente preservação.
Localização: Arquipélago de Ilhabela, litoral norte de São Paulo.
Profundidade: Cerca de 25 a 30 metros abaixo da superfície.
Duração: As garrafas ficaram submersas por 6 meses a 1 ano, dependendo da fase do experimento.

Condições do Experimento
Temperatura: Estável entre 10°C e 15°C — ideal para conservação de vinhos.
Luz: Ausência total de luz solar, o que impede reações fotoquímicas que podem deteriorar o vinho.
Pressão: Alta pressão natural a essas profundidades (cerca de 3 atmosferas).
Movimento: Leve agitação constante da água — o que alguns enólogos acreditam que possa contribuir para a micro-oxigenação do vinho.
Recipientes: As garrafas foram lacradas com cera e acondicionadas em caixas de aço inox e malhas antissalinizantes.
Resultados
Após a retirada das garrafas do mar, elas foram comparadas com amostras idênticas armazenadas em adegas convencionais.
Análise Sensorial: Sommeliers realizaram uma degustação às cegas para evitar qualquer viés. Os resultados foram surpreendentes:
Aroma: Os vinhos submersos apresentaram aromas mais frescos, minerais e salinos, com notas que lembravam maresia e pedras molhadas. Alguns descreveram como "um frescor oceânico que não estava presente nas versões de adega".
Paladar: Mais arredondado, com taninos amaciados e acidez equilibrada. A textura foi considerada mais macia e o final de boca, mais prolongado.
Corpo e Estrutura: A submersão pareceu acelerar a maturação de forma suave, preservando o frescor e reduzindo a agressividade de vinhos mais jovens.

Depoimentos dos Sommeliers
“É como se o mar tivesse embalado o vinho no silêncio e na pressão, oferecendo a ele uma nova maturidade.” — Marcelo Copello, especialista em vinhos e comentarista da experiência.
“A mineralidade que sentimos não está no vinho original. O mar impregnou algo ali — é quase alquimia.” — Sommelier participante da prova cega.
“O vinho marinho não é melhor ou pior. É diferente. Ele carrega a memória do oceano.” — Curador da experiência.
“Recentemente provamos esse cuvée da @viventevinhosvivos que ficou cerca de 12 meses submerso a - 22 metros nos arredores da Ilhabela.A ideia era remontar as experiências já feitas acerca do assunto de afundar garrafas de espumantes para observar como pressão, temperatura e correntes marítimas podem influenciar na evolução de um vinho.Comparamos com uma garrafa que não foi afundada.Haviam profissionais diversos com opiniões diversas por lá, mas minha impressão foi que a garrafa que ficou submersa ganhou mais camadas aromáticas (não necessariamente oxidação, que fique bem claro), inclusive senti a fruta bastante viva, porém com essas camadas aromáticas extras que aportam complexidade, e achei que a acidez na garrafa que foi submersa se manteve mais viva do que na que não foi submersa. Enfim, experiência única, e fica aqui meus agradecimentos a @viventevinhosvivos e ao @projetoa.mar por investirem nessa e tantas outras pesquisas. A Vivente disponibilizará em breve as garrafas afundadas ( são quantidades limitadíssimas obviamente, cerca de 40), para colecionadores e entusiastas)” 𝗚𝗮𝗯𝗿𝗶𝗲𝗹𝗮 𝗠𝗼𝗻𝘁𝗲𝗹𝗲𝗼𝗻𝗲
@gabrielamonteleone (oficial)

O experimento validou a ideia de que o fundo do mar pode oferecer um ambiente alternativo para envelhecimento de vinhos, com resultados sensoriais distintos e até superiores em alguns aspectos.
Apesar disso, os especialistas alertam: não se trata de uma técnica substitutiva, mas de uma proposta experimental e artística de maturação.
Curiosidade: As garrafas emergiram incrustadas de algas e pequenas conchas, o que agregou valor estético e simbólico — sendo vendidas como edições limitadas, quase como "joias submarinas".
Além das informações técnicas e sensoriais, o experimento dos vinhos submersos em Ilhabela carrega uma série de aspectos simbólicos, científicos e mercadológicos que ampliam seu valor cultural e enológico.

Vídeo Oficial do experimento gravado pela Pousada Piratas do Barro Branco
Aspectos Científicos e Técnicos Adicionais
Oxidação e Micro-oxigenação: Apesar das garrafas estarem lacradas com cera e cápsulas duplas, o movimento das correntes e a leve pressão sobre as rolhas podem gerar microscópicas trocas gasosas, o que se traduz em um envelhecimento mais “gentil” e progressivo. A ausência de luz protege o vinho de degradação fotoquímica.
Temperatura Estável: O fundo do mar tem uma temperatura praticamente constante durante todo o ano, o que evita os “choques térmicos” que podem ocorrer em adegas mal reguladas. Isso favorece uma maturação linear e elegante.
Caráter Sensorial Marítimo: o “terroir líquido”
O termo "terroir" normalmente se refere ao solo, clima e microambiente de onde vem a uva. No caso do vinho submerso, há quem proponha o conceito de “terroir marinho”, já que o vinho absorve, de forma sutil, características do ambiente marinho — não quimicamente, mas sensorialmente, por associação aromática e simbólica:
Notas de maresia, salinidade e minerais úmidos são frequentemente apontadas na degustação.
Alguns sommeliers sugerem que há uma “memória sensorial” do mar impressa no vinho.
A Estética e o Valor Agregado: As garrafas resgatadas do fundo do mar apresentam:
Crostas de conchas, algas e sal aderidas ao vidro.
Marcas únicas em cada garrafa — transformando-as em peças artísticas e colecionáveis.
Edições limitadas vendidas a preços significativamente maiores do que as versões “em adega”.
Esse visual rústico e orgânico dá ao vinho um ar místico, quase alquímico.
Inspirações Internacionais: Essa prática não é inédita no mundo. Produtores de países como:
França (Champagne submerso)
Itália (vinhos envelhecidos na Ligúria)
Espanha (Bodegas Crusoe Treasure) também realizam experiências semelhantes.
O experimento de Ilhabela, porém, é pioneiro no Brasil e chama atenção pela riqueza ecológica e biodiversidade do local, o que pode influenciar a singularidade do vinho.

Site Oficial: https://vivente.bio
Mais um artigo fantástico do seu site, com pesquisa e direitos autorais devidamente direcionados, como sempre o faz. É uma pesquisadora peculiar, que traz temas por perspectivas diferenciadas, mas com grande importância de lazer e profissionalismo.
E, sobre o vinho deve ser um buquê impecável, gostaria de ter a possibilidade de degusta-lo.
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