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Arqueologia Submersa & Criminologia Forense Subaquática no Brasil

(Breve apresentação)

 


Arte: Thais Riotto
Arte: Thais Riotto

A arqueologia submersa ou subaquática tem se destacado com o passar dos anos por revelar importantes vestígios históricos e culturais, contribuindo de forma significativa para a compreensão do passado, e apresentando perspectivas para o turismo e o comercio local.


Com uma costa de aproximadamente 8.500 km, o país possui um vasto potencial arqueológico submerso, distribuído ao longo de todo o litoral.

 


Pesquisa: Thais Riotto



Descobertas Recentes

No mês de dezembro de 2024, uma equipe de cientistas brasileiros e britânicos descobriu uma antiga ilha submersa no Atlântico Sul, comparável em tamanho à Islândia.

Localizada a aproximadamente 1.200 km da costa brasileira, na Elevação do Rio Grande, a ilha agora está sob 650 metros de água.


A presença de argila vermelha no fundo marinho, típica de solos tropicais brasileiros, sugere que essa região esteve exposta anteriormente. Este achado pode fortalecer a reivindicação do Brasil para estender sua Zona Econômica Exclusiva, devido ao potencial mineral da área.

 



O  Mergulho Arqueológico no Brasil


O litoral brasileiro abriga diversos locais, onde é possível explorar vestígios históricos submersos. Entre eles:


Batente das Agulhas: Situado a 25 km da costa de Natal, no Rio Grande do Norte, este local é considerado o segundo melhor ponto de mergulho do país. Caracteriza-se por formações rochosas que lembram colunas fossilizadas. A profundidade varia entre 18 e 24 metros, sendo recomendada para mergulhadores experientes.


Baía de Todos-os-Santos: Localizada na Bahia, é a terceira maior baía do Brasil, com profundidades que chegam a 70 metros e visibilidade de mergulho entre 10 e 20 metros. A região é rica em sítios arqueológicos submersos, incluindo naufrágios históricos, oferecendo uma experiência única para mergulhadores interessados em arqueologia.

 

Porto de Piranhas (Alagoas): Este sítio arqueológico submerso no Rio São Francisco abriga vestígios da atividade portuária histórica da região, oferecendo uma rica experiência para mergulhadores interessados em arqueologia.

 



Exemplos de Cidades e Edifícios Submersos no Brasil (03 Exemplos)


Petrolândia (Pernambuco): A antiga cidade de Petrolândia foi inundada em 1988 para a formação do reservatório da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga. Um dos marcos submersos mais conhecidos é a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, que, em períodos de seca, ressurge parcialmente, tornando-se um ponto de interesse para mergulhadores e turistas.

 

Cidades do Lago de Sobradinho (Bahia): A construção da Barragem de Sobradinho na década de 1970 resultou na submersão de várias cidades, incluindo Sento Sé, Remanso, Casa Nova e Pilão Arcado. Essas localidades foram relocadas, e as antigas áreas urbanas permanecem submersas. Durante períodos de seca intensa, as ruínas dessas cidades podem emergir, oferecendo uma visão do passado e atraindo pesquisadores e curiosos.

 

Canudos (Bahia): Conhecida pela histórica Guerra de Canudos, a vila original foi inundada na década de 1960 com a construção do Açude de Cocorobó. Em épocas de estiagem, as ruínas da antiga Canudos emergem, proporcionando um cenário rico para estudos arqueológicos e visitas turísticas.

 



Locais Submersos em Pesquisa (Dois Exemplos)


Elevação do Rio Grande (Atlântico Sul): Pesquisadores brasileiros e britânicos descobriram, em 2024, uma antiga ilha submersa na Elevação do Rio Grande, a cerca de 1.200 km da costa brasileira. Esta formação geológica, comparável em tamanho à Islândia, está atualmente sob 650 metros de água. A presença de argila vermelha, típica de solos tropicais, sugere que a região esteve exposta anteriormente. Este achado é significativo para a compreensão da evolução geológica da área e pode influenciar reivindicações territoriais marítimas do Brasil.

 

Recife da Amazônia (Foz do Rio Amazonas): Em 2016, cientistas revelaram a existência de um extenso sistema recifal na foz do Rio Amazonas, cobrindo aproximadamente 9.300 km². Este recife único, que prospera em condições de baixa luminosidade e alta turbidez, desafiou conhecimentos anteriores sobre a distribuição de recifes de corais. Pesquisas continuam para mapear completamente o recife e entender sua biodiversidade e ecologia.

 



Legislação e Proteção do Patrimônio Subaquático


O Brasil é signatário da Convenção da UNESCO para a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático, adotada em 2001.


Esta convenção visa proteger vestígios culturais submersos contra exploração comercial e destruição, promovendo a cooperação internacional e a preservação in situ desses patrimônios.


A adesão a essa convenção reforça o compromisso do país com a salvaguarda de seu patrimônio subaquático.

 



Perspectivas Atuais (2025)


Até fevereiro de 2025, o Brasil continua investindo em pesquisas e projetos de arqueologia subaquática. A descoberta da ilha submersa na Elevação do Rio Grande destaca o potencial do país em revelar novos sítios arqueológicos e geológicos de relevância internacional.


As iniciativas de mapeamento e preservação de naufrágios e outros vestígios submersos estão em andamento, visando não apenas a pesquisa científica, mas também o desenvolvimento do turismo sustentável e a conscientização sobre a importância da preservação do patrimônio cultural subaquático, tal como da vida marinha que o cerca.


A formação em arqueologia subaquática também tem evoluído. Até o início dos anos 2000, a especialização na área era restrita à pós-graduação. Com a expansão do ensino superior público, disciplinas relacionadas foram incorporadas em cursos de graduação em arqueologia, ampliando o acesso e a capacitação de novos profissionais.

 



Impacto na Pesquisa Científica


A exploração comercial dos sítios submersos não apenas ameaça a preservação dos artefatos, mas também prejudica a pesquisa científica.


A retirada indiscriminada de objetos sem o devido registro e contextualização arqueológica resulta na perda irreparável de informações históricas e culturais. Além disso, a falta de investimentos em projetos científicos e a escassez de profissionais especializados limitam o avanço da arqueologia subaquática no país.


A necessidade de formação de arqueólogos mergulhadores e a promoção de pesquisas acadêmicas são essenciais para o desenvolvimento e fortalecimento dessa área no Brasil.

 

A arqueologia subaquática no Brasil possui um potencial imenso para revelar aspectos desconhecidos da história e cultura nacionais.


Contudo, para que esse potencial seja plenamente explorado, é imperativo superar os obstáculos legais e estruturais que atualmente comprometem a preservação e a pesquisa dos sítios submersos.


A promoção de políticas públicas eficazes, o incentivo à formação de profissionais especializados e a conscientização da sociedade sobre o valor do patrimônio cultural subaquático são medidas essenciais para garantir que as riquezas submersas do Brasil sejam protegidas e estudadas de forma adequada.

 


Arte: Thais Riotto
Arte: Thais Riotto


Algumas Técnicas de Arqueologia Submersa no Brasil


Prospecção Remota:


Sonar de Varredura Lateral (Side-scan sonar): Utilizado para mapear grandes áreas submersas, identificando anomalias no fundo do mar ou de rios que podem indicar naufrágios ou estruturas submersas.


Magnetômetro: Detecta variações no campo magnético, útil para localizar objetos metálicos, como canhões, âncoras ou cascos de navios.


LIDAR Subaquático: Usa lasers para mapear estruturas em águas rasas, fornecendo imagens detalhadas do relevo submerso.

 

Plongée Arqueológica (Mergulho Científico):

Mergulhadores treinados em arqueologia subaquática realizam escavações manuais, mapeamento fotográfico e coleta de artefatos. Essa técnica exige certificação específica (como a da UNESCO).


Os arqueólogos utilizam ferramentas como trenas, câmeras subaquáticas e aspiradores de sedimentos para escavação.

 

OBS. O termo Plongée Arqueológica refere-se a uma abordagem de investigação arqueológica subaquática, que envolve a exploração e escavação de sítios arqueológicos submersos, como naufrágios, cidades inundadas ou estruturas subaquáticas antigas.


A palavra plongée vem do francês, significando mergulho, destacando o uso de técnicas de mergulho científico para acessar e estudar vestígios históricos que estão sob a água. Esse tipo de arqueologia combina conhecimentos de história, geologia e biologia marinha, utilizando equipamentos como sonares, drones subaquáticos e tecnologia de mapeamento 3D para registrar e preservar artefatos encontrados.

 

Documentação Fotogramétrica: Técnica de mapeamento tridimensional a partir de fotografias de alta resolução. Permite a criação de modelos 3D de sítios arqueológicos submersos para estudo posterior em laboratório.

  

Análise Geoarqueológica: Estudo dos sedimentos e camadas do fundo para entender processos de formação do sítio, condições de preservação e mudanças ambientais que podem ter afetado os artefatos.

 

Escavação Hidráulica: Uso de bombas de sucção para remover sedimentos ao redor de artefatos delicados sem danificá-los.

 

Registro e Conservação In Situ: Muitos artefatos submersos não são removidos para evitar degradação. Em vez disso, eles são estudados e preservados diretamente no local.

 


Pesquisa: Thais Riotto

Exemplos de Aplicação no Brasil


Navio Negreiro "Camarões" (Bahia): Prospecção e registro de um dos poucos naufrágios ligados ao tráfico atlântico de escravos.


Galeão Sacramento (Baía de Todos os Santos): Utilização de sonar e mergulho para escavação e recuperação de artefatos do século XVII.


Cidade Submersa de Canudos (Bahia): Pesquisa em represas que cobriram vilarejos históricos.

 



Conceito e Contexto: Arqueologia Criminal Submersa


A investigação desses casos exige técnicas especializadas para não comprometer a integridade dos vestígios e garantir a validade jurídica das provas.

 

Legislação Brasileira Aplicável que rege a busca, localização e recuperação de corpos ou objetos em ambientes aquáticos no Brasil envolve normas de diferentes áreas do direito.  

 



Técnicas Utilizadas dentro da Criminologia Submersa


A arqueologia submersa criminal utiliza métodos científicos para investigação, que se estendem além da técnicas da a arqueologia submersa padrão, uma delas só pode, por lei, ser usada por profissionais forense da área.


Análises Tafonômicas: Estudo da degradação do corpo em ambientes aquáticos para determinar o tempo de submersão.

 



Desafios da Arqueologia Criminal Submersa


Correntes de Água: Podem deslocar corpos e objetos.


Predação Aquática: Interferência de animais na decomposição.


Condições Ambientais: Visibilidade, temperatura e profundidade dificultam o trabalho.


Validação Jurídica: Provas coletadas devem seguir protocolos rigorosos para serem aceitas em processos judiciais.


Visibilidade: Baixa iluminação e turbidez da água


Profundidade: Limitações tecnológicas e humanas

 



Aspectos Éticos - Procedimentos ao Encontrar Corpos Humanos


A manipulação de corpos humanos deve ser realizada com extremo respeito, apenas por profissionais da área, seguindo os protocolos de Direitos Humanos e evitando a exposição midiática desnecessária.

 

Comunicação Imediata

Notificar imediatamente as autoridades policiais locais (Polícia Civil ou Polícia Federal, dependendo da jurisdição).


Isolamento da Área


Marcar o local com boias de sinalização para evitar contaminação ou deslocamento.


Suspender temporariamente as atividades de mergulho e/ou arqueológicas no perímetro próximo.


Registro Documental

Realizar registro fotográfico e videográfico detalhado. (sem não for profissional da área forense, apenas filmar a distância se movendo o menos possível, de forma rápida e voltar a superfície).


Coleta e Preservação

Somente equipes forenses autorizadas devem realizar a remoção do corpo.



Arqueólogos devem colaborar na elaboração de relatórios detalhados sobre a posição, estado e contexto do corpo.


No caso de um civil, ou seja, um mergulhador que não for profissional da área de criminologia, deve apenas voltar a superfície, anotar o local e repassar as informações, sem tocar no cadáver, pois qualquer movimento e/ou retirada de objetos é uma prova danificada.

 



A arqueologia submersa criminal no Brasil ainda é uma disciplina em desenvolvimento, mas com grande potencial para contribuir na resolução de crimes e na preservação da memória de vítimas. A integração entre arqueólogos, peritos criminais e a polícia científica é essencial para garantir investigações mais eficientes e humanizadas.

 


Contatos e Instituições

Polícia Científica do Estado de São Paulo

Instituto Nacional de Criminalística (INC)



Pesquisa e mais informações: Thais Riotto - https://thaisriotto.wixstudio.com/thaisriotto

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