Nossos Eu’s & Nossos Túmulos pelo Mundo – Morte e Vida Cósmica
- Thais Riotto
- 24 de abr.
- 5 min de leitura

Ao mergulharmos na ideia das vidas passadas, entramos em um campo onde o tempo linear se dissolve, dando lugar a uma consciência mais ampla e cíclica da vida.
E dessa forma deixamos uma trilha física pelos locais que passamos, deixamos vários túmulos nossos espalhados pelo mundo.
Começa aqui uma jornada filosófica, espiritual e até mesmo poética que atravessa o tempo, o espaço e a própria percepção da nossa existência, já pensaram sobre essa questão?
O Corpo como Morada Temporária
O corpo físico, em todas as suas formas e épocas, é a manifestação mais densa da alma. Ele é a morada temporária do espírito durante a passagem por determinada encarnação. Cada vida vivida deixa não apenas marcas na alma, mas também uma presença material no mundo — um corpo que serviu como canal para a experiência naquela jornada.
Se aceitarmos a ideia de múltiplas vidas, então é inevitável reconhecer que já habitamos inúmeros corpos. Cada um deles foi enterrado, cremado ou devolvido à terra de alguma forma. Mas o que permanece é a essência — o espírito que continua sua viagem.
Túmulos como Fragmentos de Nós
Esses corpos espalhados pelo mundo tornam-se silenciosos monumentos da nossa própria jornada. Eles são testemunhas de quem já fomos, de histórias que talvez não nos lembremos conscientemente, mas que ecoam nas nossas emoções, nos medos inexplicáveis ou nas afinidades por determinados lugares.
Cada túmulo é um ponto de ancoragem energética, como se pequenas partes de nossa alma ainda repousassem ali, em meio à terra.
Talvez seja por isso que algumas pessoas se sentem inexplicavelmente atraídas por certos países, cidades ou cemitérios, como se estivessem retornando a si mesmas, reconhecendo na paisagem algo que não pertence apenas à memória desta vida, mas de muitas.
A Linha Invisível que Liga os Corpos
Imaginemos que todos esses túmulos estão ligados por uma linha invisível, como um mapa sutil desenhado pela alma ao longo dos séculos. Essa linha forma uma espécie de mandala cósmica, onde cada ponto representa um capítulo da nossa existência.
Pode ser que existam ossos nossos enterrados na Europa medieval, nas pirâmides do Egito, em aldeias esquecidas na Ásia, ou mesmo em terras indígenas das Américas. A diversidade desses túmulos também revela a riqueza da jornada da alma, que busca experimentar a vida sob diferentes culturas, corpos e perspectivas.
A Dança entre Vida e Morte
A morte, nesse contexto, deixa de ser um fim e se torna apenas uma pausa entre um ciclo e outro. No entanto, cada vez que deixamos um corpo para trás, algo de nós ainda permanece na matéria. O corpo, mesmo depois de abandonado pelo espírito, guarda uma memória vibracional.
Algumas tradições espirituais acreditam que parte da energia da alma fica impregnada nos ossos, na terra que cobre o túmulo ou mesmo em objetos pessoais enterrados junto ao corpo. Por isso, rituais de homenagem aos ancestrais têm tanto poder, porque ao honrar os mortos, também estamos nos conectando com versões anteriores de nós mesmos.
O Espelho da Reencarnação
Se refletirmos com mais profundidade, podemos perceber que, talvez, visitamos nossos próprios túmulos sem nem mesmo sabermos. Quantas vezes, ao passearmos por um cemitério antigo ou ruínas esquecidas, sentimos um arrepio, uma tristeza sem explicação? Pode ser que, naquele momento, estejamos diante dos restos mortais de um corpo que um dia abrigou nossa própria consciência.
O ciclo da vida e da morte nos transforma em nossos próprios ancestrais. Talvez não sejamos apenas filhos e filhas dos que vieram antes, mas também sejamos os avós e avós de nós mesmos, encarnando diferentes papéis ao longo da grande roda do tempo.
A Arte de Honrar a Si Mesmo
Essa reflexão nos convida a um exercício profundo de auto-honra. Se temos túmulos espalhados pelo mundo, então também somos nossos próprios ancestrais. E se podemos sentir a presença dos que vieram antes, por que não poderíamos sentir a presença das nossas próprias vidas passadas?
Criar um altar para nossos "eus" antigos pode ser um ritual poderoso, uma forma de honrar cada corpo que já nos serviu, cada existência que pavimentou o caminho para quem somos hoje. Acender uma vela, fazer uma oração ou mesmo deixar flores para si mesmo é um ato de profunda reconciliação.
Somos Muitos, Somos Um
Essa reflexão dissolve a rigidez da identidade. O nome que carregamos agora é apenas mais um entre tantos que já tivemos. A nacionalidade que nos define hoje é apenas uma veste temporária. O gênero, a aparência, as crenças — tudo muda de vida para vida.
O que permanece é o fio dourado da consciência, tecendo a grande tapeçaria da nossa alma.
Túmulos Esquecidos, Memórias Eternas
Mesmo que nossos túmulos estejam esquecidos, cobertos por séculos de terra ou demolidos pelo tempo, a memória da existência permanece gravada no tecido do Universo. Cada morte nos aproxima mais da nossa verdadeira essência, pois a cada vida deixamos para trás uma ilusão, um ego, até que reste apenas o espírito puro.
Um Ritual de Reconciliação Cósmica
Se essa reflexão ressoou em você, talvez seja o momento de criar um ritual para honrar todos os corpos que já foram seus.
Ritual: O Chamado dos Eus Ancestrais
Acenda uma vela branca.
Escreva uma carta para seus "eus antigos", agradecendo por cada vida vivida.
Coloque um mapa do mundo diante de você e marque os lugares pelos quais sente uma atração inexplicável — esses podem ser pontos onde seus corpos repousam.
Toque uma música que pareça vir de um tempo distante.
Feche os olhos e imagine uma linha dourada ligando cada túmulo, criando uma mandala cósmica da sua alma.
Agradeça por todas as versões de si mesmo.
Pensar nos próprios túmulos espalhados pelo mundo é lembrar que somos viajantes cósmicos, fragmentos da eternidade vivendo a experiência humana. Cada corpo abandonado é um altar secreto, uma oferenda à Terra que nos recebeu.
Ao honrar esses túmulos invisíveis, aprendemos a abraçar todas as nossas versões, desde as mais iluminadas até as mais sombrias, compreendendo que tudo isso faz parte da grande dança da alma.
Talvez, ao final da jornada, perceberemos que nunca morremos... apenas florescemos em formas diferentes, vez após vez.
Mantra para o Ritual dos Eus Ancestrais
"Corpos que fui, corpos que serei,Na terra repousam, mas em mim vivem.Linha dourada, círculo eterno,Eu sou muitos, eu sou uno.
Memórias ocultas, despertem em paz,Honro os passos que um dia tracei.Pele, ossos, pó e luz,Eu me acolho, eu me integro, eu me reconcilio.*
Que a chama que acendo ilumine cada túmulo,Que a minha voz alcance os ecos esquecidos.Eu sou o que já fui,Eu sou o que ainda serei,Eu sou o eterno viajante em mil formas.
Assim é, assim sempre foi, assim sempre será."
(Thais Riotto)
Gostei da reflexão, falamos mesmo de vidas passadas, mas realmente morremos em um lugar, e nossos corpos ficaram ali. E fiquei curiosa também onde estão meus esqueletos kkkkkkkkkkk