Navios Comandados por Mulheres: Comandantes, Piratas e Mulheres com o conhecimento antigos (Bruxas).
- Thais Riotto
- 21 de mar.
- 6 min de leitura

Anne Bonny (1700–1782) – Caribe
Nascida na Irlanda, Anne Bonny se tornou uma pirata notória no Caribe ao lado de seu parceiro Jack Rackham (Calico Jack). Ela era conhecida por sua coragem em combates e sua habilidade com armas.
Mary Read (1685–1721) – Caribe
Mary Read disfarçou-se de homem para servir no exército antes de se juntar à tripulação pirata de Calico Jack. Junto com Anne Bonny, ela participou de diversas batalhas e ficou conhecida por sua bravura.
Ching Shih (1775–1844) – China
Uma das piratas mais poderosas da história, Ching Shih comandou mais de 1.800 navios e 80.000 homens na frota do Mar Vermelho na China. Ela impôs um código de conduta rígido e desafiou a marinha chinesa, britânica e portuguesa.
Anne Dieu-le-Veut e os Corsários do Nordeste (Final do Século XVII)
A pirata francesa Anne Dieu-le-Veut navegou pelo litoral do Brasil e foi conhecida por sua suposta ligação com rituais mágicos. Anne era uma viúva que se juntou aos corsários franceses e rapidamente se tornou uma líder temida.
Navio: Um brigue rápido chamado "Fúria de Iansã".
Anne tinha o poder de prever tempestades e usava rituais de vudu para proteger sua tripulação.
Jeanne Baret (1740–1807) – França
Primeira mulher a circum-navegar o globo. Ela se disfarçou de homem para acompanhar a expedição do botânico Philibert Commerson.
Grace O'Malley (1530–1603) – Irlanda
Conhecida como "Rainha dos Piratas Irlandeses", Grace O'Malley liderava sua frota contra navios ingleses e espanhóis, tornando-se um símbolo de resistência.
Hannah Snell (1723–1792) – Inglaterra
Disfarçada de homem, serviu na Marinha Real Britânica e participou de combates na Índia sem ser descoberta.
Kate McCue (EUA)
Primeira mulher americana a comandar um navio de cruzeiro, assumindo o “Celebrity Summit” em 2015 e, posteriormente, o “Celebrity Beyond”.
Belinda Bennett (Reino Unido)
Primeira mulher negra a comandar um navio de cruzeiro, o “MSY Wind Star”, em 2016.
Chuny Bermúdez (Espanha)
Primeira mulher a comandar um barco na Volvo Ocean Race, uma das competições náuticas mais difíceis do mundo.
BRASIL
No Brasil, a presença feminina na Marinha Mercante e na Marinha do Brasil tem aumentado, apesar dos desafios enfrentados.
Comandante Márcia Freitas (Marinha Mercante)
Primeira mulher a comandar um navio da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em 2008. Ela assumiu o comando do navio petroleiro “João Cândido”, marcando um feito histórico na navegação brasileira.
Capitão-Tenente Márcia Braga
Primeira oficial mulher a comandar um navio de guerra da Marinha do Brasil, a embarcação de patrulha “Graúna”, em 2009.
Comandante Hildelene Bahia
Primeira mulher da América do Sul a assumir o comando de um navio mercante de longo curso, o “Dragão do Mar”, também da Transpetro, em 2019.
Mariana Kastrup
Primeira comandante de navio da Marinha Mercante Brasileira a conduzir um navio de cabotagem no Brasil.
Mulheres da Antiguidade
Ao longo da história, algumas mulheres combinavam habilidades de liderança, navegação e conhecimentos místicos, muitas vezes rotuladas como bruxas devido à sua sabedoria, poder ou influência em sociedades patriarcais.
Essas mulheres, em sua maioria, desempenhavam papéis cruciais em mitologias, lendas e registros históricos, associando a magia ao comando de navios ou à vida marítima.
Artemísia I de Cária (480 a.C.)
Rainha e comandante naval na Grécia Antiga, ela liderou cinco navios durante a Batalha de Salamina, auxiliando o exército persa de Xerxes. Sua inteligência tática foi elogiada até por seus inimigos gregos.
Circe (Mitologia Grega)
Circe é uma figura mitológica grega descrita como uma poderosa feiticeira. Filha do deus Hélio e da ninfa Perse, ela era conhecida por seu vasto conhecimento em poções e ervas mágicas.
Na Odisseia de Homero, Circe vive na ilha de Eana e é famosa por transformar marinheiros em animais. Apesar de não comandar navios diretamente, ela controlava aqueles que atracavam em sua ilha, representando o poder feminino sobre homens do mar.
Scáthach (Mitologia Celta – Irlanda/Escócia)
Scáthach era uma guerreira, profetisa e feiticeira na mitologia celta. Ela vivia na ilha de Skye, na Escócia, e era conhecida por seus conhecimentos místicos, artes marciais e liderança militar.
Segundo lendas, ela liderava navios que transportavam guerreiros para a ilha, onde treinava homens para o combate. Seu domínio sobre o mar e a guerra fez dela uma figura lendária que combinava magia e comando.
Gráinne Ní Mháille (Grace O'Malley) – Irlanda (1530–1603)
Grace O'Malley foi uma líder irlandesa que muitas vezes foi descrita como uma bruxa por seus inimigos devido à sua independência e habilidades marítimas. Conhecida como "Rainha dos Piratas", ela era também uma negociadora política e comandante naval.
Comandava uma frota de navios que patrulhava a costa oeste da Irlanda, atacando embarcações inglesas e espanholas. Seu domínio sobre o mar e sua suposta habilidade em magia popular reforçaram a crença de que ela possuía poderes sobrenaturais.
Hervor (Mitologia Nórdica)
Hervor era uma guerreira e feiticeira nórdica mencionada na Saga de Hervarar. Ela era filha de um berserker e era conhecida por sua coragem, habilidade com armas e conhecimentos mágicos.
Comandava navios vikings em busca da espada mágica Tyrfing, viajando entre ilhas e enfrentando inimigos, desafiando as normas sociais sobre o papel das mulheres.
Morgan le Fay (Mitologia Arturiana)
Morgan le Fay é uma das mais conhecidas feiticeiras da lenda do Rei Arthur. Ela era meio-irmã de Arthur e uma mulher profundamente ligada à magia e ao ocultismo.
Em algumas versões das lendas arturianas, Morgan le Fay navegava em navios encantados para a ilha de Avalon, um lugar mágico associado à cura e à vida após a morte. Ela também era descrita como líder de um grupo de mulheres que controlavam o destino dos navegantes.
Alwilda (Lenda Escandinava)
Alwilda (ou Awilda) foi uma princesa escandinava que, segundo a lenda, fugiu de um casamento arranjado e se tornou pirata. Ela liderava uma tripulação exclusivamente feminina.
Comandava seu próprio navio e tornou-se uma lenda por saquear embarcações no Mar Báltico, desafiando as convenções sociais. Diz-se que Alwilda praticava magia popular para proteger seus navios.
Angélica (Mitologia Italiana)
Angélica era uma personagem da épica italiana Orlando Furioso, descrita como uma feiticeira e navegadora.
Ela controlava navios encantados e usava magia para proteger-se durante as viagens marítimas.
Maria & A Nau: A Tempestade (Século XVII – Costa Brasileira e Caribe)
Maria era uma portuguesa que, segundo lendas, fugiu da Inquisição e se tornou capitã de um navio mercante que navegava entre a costa brasileira e as ilhas do Caribe. Acusada de feitiçaria em Lisboa, fugiu para o Brasil disfarçada de homem e se infiltrou no comércio marítimo. Com o tempo, tomou controle de um navio que transportava açúcar e escravos e passou a praticar pirataria.
Navio: Um bergantim de dois mastros, nomeado "Vento das Sombras".
Dizem que ela invocava tempestades para afundar embarcações inimigas e que, após sua morte, seu navio foi visto navegando sem tripulação em noites de nevoeiro.
Catariana: A pirata Brasileira. (Século XVIII – Brasil)
Catarina era uma suposta feiticeira que teria escapado da prisão em Salvador e se tornado capitã de um navio pirata.
Navio: Chamado "A Noiva das Águas", descrito como um galeão negro que desaparecia na neblina.
Sua tripulação acreditava que Catarina possuía o poder de desaparecer com o navio e reaparecer em outro ponto do oceano.
(Tem post completo sobre ela aqui no site: Ghosts & Spells)
Impacto e Legado
A ascensão das mulheres ao comando de navios no Brasil e no mundo demonstra que a competência e a determinação não têm gênero. Apesar de ser um caminho ainda em construção, cada conquista abre espaço para que mais mulheres ocupem cargos de liderança na navegação, contribuindo para um ambiente mais igualitário e inclusivo.
Essas mulheres não apenas quebraram barreiras sociais, como também provaram que a coragem e a competência não dependem do gênero. Suas histórias inspiram até hoje a inclusão feminina em profissões marítimas.
As mulheres que comandaram navios ao longo da história enfrentaram preconceitos, desafios e perigos para conquistar seu lugar no mar.
De piratas temidas a exploradoras audaciosas. Fazem parte todas, de um legado de resistência e liderança. Embora algumas tenham sido esquecidas por séculos, seus feitos continuam inspirando gerações de mulheres a ocuparem papéis de comando na navegação e em outras áreas.
“Juntas somos as vozes dos oceanos”
Thais Riotto
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