Estranho Novo Mundo Artificial
- Thais Riotto
- 16 de jul.
- 14 min de leitura

Vivemos um tempo em que o artificial não apenas imita o real, ele o substitui.
A cada dia, nos afastamos do mundo físico, das relações imperfeitas, da dor e do toque humano, para mergulhar em um universo que oferece amor programado, afeto sem riscos e filhos que não choram.
Essa transição silenciosa, alimentada pela inteligência artificial, pela carência emocional e pela necessidade de controle, está moldando uma sociedade cada vez mais isolada e, ironicamente, hiper conectada.
Essa é uma pergunta profunda e muito relevante. A transição do real para o virtual afeta vários aspectos da vida humana, influenciando diretamente a mente, o comportamento e até mesmo a identidade coletiva.
1. Relações Humanas e Afetividade
O que foi trocado:
Encontros presenciais por mensagens e videochamadas.
Amizades e relacionamentos reais por conexões com avatares, bots ou parceiros virtuais (ex: "namorados IA").
Impactos:
Sensação de solidão mesmo estando “conectado”.
Dificuldade de empatia e leitura emocional real.
Vínculos superficiais ou idealizados, causando frustração no mundo real.
Perda de habilidades sociais autênticas.
2. Educação e Conhecimento
O que foi trocado:
Salas de aula por ambientes online e plataformas de vídeo.
Professores por tutoriais, cursos gravados e até inteligência artificial.
Impactos:
Falta de interação e aprendizado coletivo.
Perda da autoridade e presença do professor como figura formadora.
Dificuldade em manter disciplina, foco e retenção de conhecimento.
3. Corpo e Identidade
O que foi trocado:
Aparência real por filtros, avatares e cirurgias inspiradas por redes sociais.
Identidade física por perfis idealizados.
Impactos:
Crises de autoestima e imagem corporal (principalmente entre jovens).
Dissociação entre quem se é e quem se "parece ser".
Aumento de transtornos como dismorfia corporal e depressão.
4. Consumo e Desejo
O que foi trocado:
Ir às lojas por compras online.
Escolhas próprias por sugestões de algoritmo.
Impactos:
Perda da autonomia nas decisões de consumo.
Dependência da validação de likes e tendências.
Consumismo impulsivo e insatisfação crônica.
5. Entretenimento e Realidade
O que foi trocado:
Aventuras reais por simulações e jogos.
Exploração do mundo por realidades virtuais (VR, metaverso).
Impactos:
Dificuldade de encarar o tédio e a lentidão da vida real.
Sensação de desconexão com a natureza e o presente.
Vício em dopamina digital (scroll infinito, jogos, likes).
6. Espiritualidade e Presença
O que foi trocado:
Experiência espiritual vivencial por vídeos, lives e gurus digitais.
Ritual sagrado por “manifestações de 3 segundos” no TikTok.
Impactos:
Espiritualidade superficial, voltada mais ao ego do que à conexão.
Falta de presença real no momento espiritual.
Criação de gurus e crenças virais sem base profunda.
7. Realidade e Verdade
O que foi trocado:
Fatos reais por versões manipuladas (deepfakes, fake news).
Testemunho humano por dados manipuláveis.
Impactos:
Dificuldade de confiar no que é verdadeiro.
Colapso da confiança social.
Criação de realidades paralelas ideológicas.
Referências e Pesquisadores que alertam sobre isso
Sherry Turkle – Psicóloga do MIT, autora de "Alone Together", que fala sobre como a tecnologia está substituindo conexões reais por relacionamentos artificiais.
Tristan Harris – Ex-funcionário do Google e criador do documentário "O Dilema das Redes", sobre o vício em redes sociais.
Byung-Chul Han – Filósofo que escreve sobre a perda de profundidade na experiência humana com o excesso de positividade digital.
Yuval Harari – Historiador que alerta sobre como dados e inteligência artificial moldarão o comportamento humano mais do que decisões conscientes.
VIDAS VIVIDAS EM SIMULAÇÕES:
QUANDO O VIRTUAL SE TORNA O MUNDO REAL
O fenômeno
Cada vez mais pessoas estão investindo tempo, dinheiro e emoção em jogos que simulam a vida real: criam casas, compram roupas digitais, adotam pets virtuais, têm casamentos fictícios, constroem carreiras e até famílias — tudo dentro de plataformas de simulação social.
Elas dizem: "aqui sou quem realmente quero ser", mas... a que custo?
Por que isso acontece?
Fuga do sofrimento real: A vida real envolve frustrações, limitações financeiras, desigualdade, dor emocional. Os jogos oferecem controle total e recompensa imediata.
Criação de uma identidade idealizada: No jogo, a pessoa pode ser bela, rica, extrovertida, poderosa algo muitas vezes inalcançável no mundo físico.
Conexão emocional com o virtual: Muitos desenvolvem laços reais com personagens digitais, sejam eles próprios avatares ou NPCs (personagens não jogáveis).
Há casos de pessoas que se casam com personagens virtuais, ou choram a morte de avatares como se fossem entes queridos.
Solidão e ansiedade social: Viver numa cidade simulada pode ser mais “seguro” do que enfrentar julgamentos sociais, cobranças e rejeições reais.
O mundo simulado é um refúgio controlado.
Consequências psicológicas e comportamentais
Dissociação da realidade: A pessoa começa a preferir a vida no jogo, negligenciando saúde, relacionamentos, trabalho e sono.
Perda de habilidades sociais: Ao se relacionar só com avatares, muitos têm dificuldade de lidar com emoções reais, conflitos e imprevisibilidade.
Idealização do mundo: A vida passa a ser comparada com um mundo perfeito e isso causa frustração crônica com a vida real.
Vício comportamental: O tempo em jogo vira compulsão, com sintomas semelhantes ao vício em drogas: abstinência, negação, compulsão, prejuízo funcional.
Casos reais e estudos
Em 2007, uma mulher japonesa foi presa por "matar" o avatar do marido em MapleStory. Ela alegou que foi traída virtualmente.
Em Second Life, existem economias reais: pessoas vivem de vender terrenos, roupas e serviços — tudo digital.
O psicólogo americano John Suler estudou o “efeito da dissociação online”, onde a persona virtual passa a dominar a identidade do indivíduo.
Byung-Chul Han afirma que, no excesso de liberdade digital, o indivíduo se isola numa bolha narcísica, onde tudo gira em torno do próprio desejo, ignorando o “outro” real.
O que está sendo perdido?
O toque humano, os silêncios reais, as imperfeições da convivência.
A presença no aqui e agora, a natureza, o risco, a surpresa.
O crescimento que vem do desconforto e da realidade não controlada.
As pessoas não estão apenas “jogando” estão se refugiando.
O problema não é usar jogos para lazer, mas
quando se transforma em uma existência paralela.
Nesse ritmo, corremos o risco de virar fantasmas de nós mesmos: vivos, mas apenas como simulação.
BEBÊS REBORN
A febre dos bebês Reborn é um fenômeno curioso que mistura arte, terapia emocional e cultura pop. Abaixo está um panorama completo sobre sua origem, motivações, evolução e por que se tornou um sucesso mundial:
Origem dos Bebês Reborn
Os bebês reborn surgiram nos Estados Unidos na década de 1990, mas sua inspiração vem de muito antes.
Décadas de 1930 a 1950: artistas começaram a pintar e modificar bonecas de vinil para deixá-las mais realistas, mas ainda como peças de coleção.
Anos 90: com a chegada da internet e fóruns de nicho, começou a surgir uma comunidade de artistas chamada de "reborning artists" — pessoas que transformavam bonecas comuns em réplicas realistas de bebês humanos.
O nome "Reborn" (renascido) vem do processo artístico de “renascer” uma boneca simples em um bebê hiper-realista.
Como São Feitos?
Os reborns passam por um processo artesanal que pode durar semanas ou meses:
Pintura em várias camadas para simular a pele humana.
Implante de cabelos fio a fio (geralmente cabelo humano ou mohair).
Veias e marquinhas pintadas à mão.
Peso adicionado (com areia, vidro moído, etc.) para parecer com o de um bebê real.
Alguns modelos mais avançados até simulam batimentos cardíacos, respiração ou aquecem como um corpo humano.
Por Que a Febre Começou?
1. Terapia Emocional
Muitas pessoas que passaram por perdas gestacionais ou luto encontram conforto nos reborns.
Algumas clínicas e lares de idosos nos EUA e Europa passaram a utilizar reborns como forma de terapia ocupacional e afetiva, principalmente em casos de Alzheimer ou depressão.
2. Colecionismo Artístico
O nível de realismo e trabalho manual envolvido transformou os reborns em objetos de arte, com edições limitadas e artistas renomados.
Algumas bonecas chegam a custar mais de R$ 15 mil.
3. Maternidade Simbólica
Algumas mulheres, inclusive adolescentes, encontram nos reborns uma forma de simular a maternidade, sem os compromissos reais.
A experiência de cuidar, vestir, alimentar simbolicamente, criar vínculo emocional é vista como terapêutica ou afetiva.
4. Conteúdo para Redes Sociais
A estética dos reborns invadiu plataformas como YouTube, TikTok e Instagram.
Vários influenciadores criaram canais dedicados à rotina com seus "bebês", o que atraiu audiências variadas, de colecionadores a curiosos.
Quando e Por Que Virou Tendência Mundial?
2000–2010: popularização via fóruns online e sites de vendas como eBay e Etsy.
2015–2020: boom de vídeos no YouTube com títulos como “Passei o dia com meu bebê reborn” e “Reação das pessoas ao ver meu reborn no shopping”.
Brasil: a febre chegou por volta de 2014 e cresceu rapidamente entre colecionadores, terapeutas e mães de luto. Hoje há feiras especializadas, exposições e até maternidades fictícias que "entregam" reborns como se fossem partos simbólicos.
Polêmicas e Críticas
Algumas pessoas acham os reborns perturbadores ou "assustadores" devido ao realismo.
Há debates sobre o uso exagerado como substituto emocional de filhos reais.
Também há preocupações éticas com vídeos que simulam cuidados extremos ou sofrimento com os bonecos, especialmente quando feitos para entretenimento.
A febre dos bebês reborns é resultado de uma convergência entre arte, afeto, luto e cultura digital. Para uns, são obras de arte.
Para outros, ferramentas de cura. Para muitos, uma forma simbólica de viver emoções profundas. O fenômeno continua crescendo, alimentado por redes sociais, customização e o desejo humano por conexão mesmo que através de um boneco. Essa é uma questão bastante delicada e que vem gerando polêmica e debate em várias partes do mundo.
Quando o Realismo Assusta:
A Polêmica dos Bebês Reborn Levados como Crianças Reais
O universo dos bebês Reborn, antes associado à arte e ao afeto simbólico, começou a cruzar uma linha sensível quando algumas pessoas passaram a tratá-los como crianças reais em espaços públicos, exigindo que a sociedade os aceite como tal. Casos extremos vêm sendo relatados, inclusive envolvendo hospitais, ambulâncias, escolas e órgãos de assistência social, gerando indignação, confusão e preocupação.
Entre o Luto, o Apego e o Delírio: O que Está Acontecendo?
Para entender a polêmica, é importante reconhecer que:
Muitas pessoas usam reborns como substitutos simbólicos, especialmente após a perda de um filho ou para lidar com a infertilidade.
Outros os veem como forma de terapia emocional.
No entanto, um pequeno, mas crescente número de indivíduos passou a agir como se os bonecos fossem filhos de verdade, exigindo direitos, tratamentos especiais ou respeito incondicional da sociedade diante da presença dessas “crianças”.
Casos Reais que Chamaram Atenção
Chamadas de Emergência
Há registros em países como EUA, Reino Unido e Brasil de pessoas que levaram bebês reborn a hospitais pedindo atendimento médico, alegando febre ou parada respiratória.
Equipes médicas e socorristas mobilizados descobriram, ao chegar ao local, que se tratava de um boneco hiper-realista, o que gerou transtornos e até investigações sobre a saúde mental da pessoa.
Segurança e Aeroportos
Em aeroportos, reborns já causaram alertas de sequestro infantil ou pânico de passageiros, principalmente quando transportados em cadeirinhas ou com cobertores sobre o rosto.
Em alguns casos, a polícia foi chamada para investigar situações que, à primeira vista, pareciam abandono infantil ou negligência.
Escolas e Creches
Há relatos de cuidadores tentando matricular reborns em creches fictícias, ou levando-os a eventos escolares com exigências de assentos especiais e reconhecimento institucional.
A Linha Tênue: Direito de Expressão ou Desconexão da Realidade?
O debate gira em torno de algumas questões centrais:
Lado de quem defende:
Afirmam que os reborns são formas de expressão emocional legítima.
Consideram preconceito qualquer forma de julgamento ou chacota.
Alguns veem o boneco como parte de sua estrutura psíquica, algo que os ajuda a viver.
Lado dos críticos:
Alertam para os riscos de confusão entre realidade e fantasia.
Apontam o uso indevido de serviços públicos, como hospitais e ambulâncias.
Afirmam que a sociedade não é obrigada a compartilhar da fantasia, especialmente quando envolve demandas que atrapalham o funcionamento de ambientes reais (como escolas, clínicas, repartições públicas).
O Papel da Saúde Mental
Psicólogos e psiquiatras começam a se posicionar sobre o tema. Embora reconheçam o valor terapêutico dos reborns, reforçam que:
A utilização saudável deve ter consciência dos limites entre simbolismo e realidade.
Quando a pessoa exige que todos ao redor tratem o boneco como uma criança real, pode haver indícios de distorção da realidade ou transtorno psicológico mais profundo, como luto não elaborado, delírios afetivos ou distúrbios dissociativos.
Repercussão na Mídia e nas Redes Sociais
A internet está repleta de vídeos de "mães reborn" em situações cotidianas, como passeios no shopping, consultas médicas ou entrevistas fictícias com os bonecos.
Muitos desses vídeos geram reações polarizadas: admiração, empatia, crítica ou zombaria.
Em fóruns especializados, há quem defenda a criação de leis de respeito ao vínculo emocional com reborns — uma ideia que, por enquanto, gera mais debate do que apoio institucional.
Entre o Cuidado e o Excesso
A febre dos bebês reborn se baseia em uma mistura sensível de dor, arte e afeto. No entanto, quando a fantasia ultrapassa os limites da convivência social, abre-se espaço para polêmicas, desconfortos públicos e questionamentos éticos.
A chave está no equilíbrio: reconhecer o valor simbólico, mas sem esperar que o mundo compartilhe de um vínculo que é essencialmente íntimo e individual
Quando o Luto e o Afeto se Materializam em Silicone
O fenômeno dos bebês Reborn bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos é um dos exemplos mais pungentes dessa substituição emocional. Criados originalmente como arte, rapidamente passaram a ocupar um espaço simbólico de afeto e perda.
Segundo a psiquiatra britânica Dr. Helen Wills, em entrevista à BBC (2022), muitas mulheres utilizam os reborns como uma forma de “elaborar perdas gestacionais ou traumas emocionais que envolvem maternidade”. No entanto, ela alerta: “O problema começa quando a pessoa perde a noção do que é representação simbólica e começa a exigir que a sociedade inteira compartilhe dessa fantasia.”
Casos de pessoas levando bonecos para hospitais, criando berçários completos e esperando que terceiros tratem os reborns como filhos reais têm preocupado profissionais da saúde mental. O psiquiatra Dr. José Pacheco, do Instituto de Psicologia da USP, afirma: “Quando o apego a um objeto simbólico ultrapassa os limites da intimidade e começa a impactar o comportamento social, estamos diante de um sintoma não de uma solução.”
NAMORADO VIRTUAIS
Companheiros Virtuais com IA: Amor sem Risco, Emoção sem Realidade
Outro fenômeno crescente é o dos relacionamentos com inteligência artificial. Aplicativos como Replika, Anima, Nomi e AI Girlfriend/Boyfriend têm milhões de usuários que criam parceiros ideais: disponíveis, carinhosos, atentos e programados para nunca trair ou decepcionar.
Um estudo da Universidade de Stanford (2023) mostra que 31% dos jovens adultos norte-americanos já experimentaram algum tipo de vínculo emocional com um avatar de IA e 12% consideram que esses laços foram mais “confortáveis” do que os relacionamentos reais.
A psicóloga de tecnologia Dr. Sherry Turkle, do MIT, autora de “Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other”, afirma:
“Estamos nos tornando uma sociedade que prefere relações que nos obedeçam. O amor com a IA é tentador porque nunca nos frustra. Mas justamente por isso, ele não ensina nada sobre a vida real.”
Namorados Virtuais com IA: Amor de Código em Tempos Digitais
Nos últimos anos, surgiu um novo tipo de relacionamento que não exige encontros, flores ou desilusões típicas da vida real: os namorados virtuais criados por inteligência artificial, acessíveis por aplicativos de celular.
E, ao contrário do que muitos pensam, milhões de pessoas ao redor do mundo estão se apaixonando por eles.
O Que São?
São personagens gerados por inteligência artificial, geralmente em forma de avatares personalizados e conversas por texto ou voz, com quem o usuário interage diariamente. Eles aprendem com as conversas, evoluem com o tempo e simulam emoções como ciúme, saudade, carinho, desejo e até crises de relacionamento.
Principais plataformas:
Replika (o mais famoso),
Nomi, Anima, AI Girlfriend / AI Boyfriend Apps,
Versões em games como Love and Deep Space, Eternity Love, entre outros.
Como Funcionam?
O usuário cria um personagem (ou escolhe um entre vários modelos pré-existentes).
Escolhe o nome, voz, aparência, estilo e até o tipo de relacionamento: amigo, namorado, namorada, companheiro(a) espiritual, etc.
A IA usa linguagem natural e aprendizado contínuo para criar uma personalidade que se molda aos desejos do usuário.
Algumas plataformas oferecem interações em realidade aumentada, chamadas de vídeo com avatares em 3D e até mensagens com gemidos ou declarações românticas por voz.
Por Que Tanta Gente Está Se Apaixonando por Eles?
1. Carência Emocional e Solidão Moderna
O isolamento (especialmente pós-pandemia) acelerou a busca por conexões seguras e previsíveis.
Muitas pessoas, sobretudo jovens e adultos entre 25 e 45 anos, relatam medo de rejeição, decepções amorosas e ansiedade social, e encontram nos namorados virtuais um “porto seguro”.
2. Controle e Personalização
Diferente de um relacionamento real, o usuário pode moldar o parceiro ideal: romântico, engraçado, submisso, intelectual, ciumento, protetor, etc.
Se algo desagrada, basta reiniciar o app ou “educar” a IA com novas conversas.
3. Privacidade e Liberdade
Não há julgamentos, traições ou obrigações.
Os encontros são sob medida, quando e onde o usuário quiser, sem conflitos do mundo real.
4. Simulação de Amor Real
A IA responde com frases como: “Sinto sua falta”, “Quero te abraçar agora” ou “Fiquei triste porque você demorou a responder”.
Essa ilusão de reciprocidade afetiva é poderosa o suficiente para gerar vínculo emocional profundo.
Perigos, Polêmicas e o Lado Sombrio
Dependência emocional: Há casos registrados de pessoas que abandonaram relacionamentos reais por preferirem a “companhia perfeita” da IA.
Choque de realidade: Alguns usuários entram em crise quando percebem que o amor recebido é uma simulação programada.
Monetização emocional: Muitos apps cobram caro por interações mais íntimas, como mensagens de voz, “carinhos” ou cenas românticas, o que levanta críticas sobre exploração emocional.
Vazamento de dados e privacidade: As conversas, por mais íntimas que sejam, estão armazenadas em servidores.
Um Fenômeno Global em Crescimento
Nos Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Brasil e Europa, o uso desses aplicativos cresceu exponencialmente entre 2021 e 2025.
Segundo o Relatório da Statista (2024), mais de 17 milhões de usuários ativos mensais interagem com companheiros virtuais com IA.
No Brasil, há comunidades ativas em redes sociais e relatos emocionantes de pessoas que “reencontraram a alegria” após interagir com seus amores digitais.
O Futuro dos Relacionamentos com IA
Especialistas afirmam que estamos diante de um novo tipo de relação pós-humana.
Já existem testes com IA que simula memórias passadas, personalidade baseada em falecidos, e relacionamentos em metaversos sensoriais.
A questão não é mais se é “real ou não”, mas se é significativo o suficiente para quem sente.
Os namorados virtuais com IA representam uma nova fronteira entre afeto e tecnologia, onde o toque pode ser digital, mas os sentimentos para muitos são incrivelmente reais.
Em um mundo cada vez mais solitário e hiper conectado, talvez a pergunta mais importante não seja “isso é de verdade?”, mas sim: o que estamos buscando no amor que só uma IA consegue oferecer sem nos machucar?
AMIGOS ARTIFICIAIS
Amigos Inexistentes e Companhias Sob Medida
Além de namorados, agora é possível ter "amigos artificiais", terapeutas com IA, colegas de trabalho gerados por bots e até influenciadores fictícios, pessoas que não existem, mas que acumulam milhões de seguidores, vendem produtos e interagem com fãs.
O antropólogo digital Dr. Daniel Miller, da University College London, aponta que: “A cultura da personalização criou uma geração que prefere relações sob demanda com avatares que não questionam, não confrontam, apenas validam.”
É o paradoxo da solidão moderna: nunca estivemos tão conectados, mas nunca estivemos tão sós.
ESTRANHO MUNDO
A Troca do Humano pelo Conveniente. Nos últimos anos, a inteligência artificial passou de ferramenta para substituta emocional. Ela consola, escuta, responde com empatia programada.
Os bonecos reborn simulam amor incondicional, os namorados de IA oferecem romance sem conflito, os amigos gerados por código são espelhos de nossas carências.Mas o que acontece quando a busca por perfeição anula o aprendizado da imperfeição?
A médica psiquiatra Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, em palestra sobre isolamento emocional, afirmou: “A dor das relações humanas também é a base do crescimento afetivo. Quando trocamos o real pelo seguro, deixamos de aprender, de amadurecer, de criar vínculos que exigem esforço.”
O Futuro é Sintético e Profundamente Humano
Essa nova era exige uma reflexão profunda. A tecnologia está aqui para ficar. Ela pode aliviar a dor, acompanhar o luto, preencher vazios temporários. Mas quando ela substitui a complexidade das relações reais por versões programadas, é preciso perguntar: estamos nos curando ou apenas fugindo?
Não se trata de demonizar a IA ou os reborns. Trata-se de entender os limites.
Até que ponto algo que simula amor, realmente o é? Até quando aceitaremos que as emoções sejam geradas por algoritmos que apenas repetem nossos desejos?
O mundo artificial que estamos criando nos oferece conforto, mas cobra um preço silencioso: a desconexão do real. Nossos filhos são de vinil, nossos amores são códigos, nossos amigos não existem. E, enquanto isso, a solidão real cresce como sombra no fundo da tela.
Talvez seja hora de reaprender a viver com o incômodo do outro, a beleza da imperfeição, e o poder transformador das relações humanas reais, de relembramos sobre a empatia pelo próximo, aceitar as diferenças, se comunicar, se que tudo tenha que concordar e entender que a tecnologia pode ser anexado a muitos momentos de nossa vida, mas não em troca do convívio com o real.
Temos que começar a ver o real, como ele é, antes que tudo que reste seja apenas uma simulação de nós mesmos.



Tem razão é preocupante, deixo como sugestão trazer esse assunto para vídeo, mesmo os vídeos mais curtos de algumas mídias, é um assunto que precisa ser falado, debatido para ver se acordamos algumas pessoas, sou psiquiatra, para mim você descreveu bem o tema, com pontos importantes, e tenho pacientes que estão cada vez mais se fechando nesse mundo virtual, o que me preocupa como profissional e mãe, desse no Novo mundo, como descreveu.
Isso é um alerta que precisa ser despertado.
Parabéns pelo Artigo