Domus de Janas - As Casas de Fada, do espíritos encantados da Sardenha
- Thais Riotto
- 18 de out.
- 3 min de leitura

Na ilha da Sardenha, Itália, encontram-se monumentos pré-históricos únicos, conhecidos como Domus de Janas, expressão que significa “Casas de Fada”.
Escavados diretamente na rocha, esses hipogeus funerários despertam fascínio tanto pelo valor arqueológico quanto pela aura mítica que os envolve.
As Janas: Espíritos Encantados da Sardenha
Aparência e Essência
As Janas surgem nas histórias da Sardenha como pequenas mulheres etéreas, belas e delicadas como fios de luar.
Sua pele é descrita como pálida, quase translúcida, e seus corpos frágeis lembram a leveza do vento noturno. Elas evitam o sol, preferindo a penumbra das grutas e a luz suave da lua.
Moradas Secretas
Vivem em lugares sagrados e ocultos: cavernas silenciosas, fendas nas rochas e, sobretudo, nas antigas Domus de Janas, conhecidas como “Casas das Fadas”.
Acredita-se que essas moradas subterrâneas guardam não apenas seus segredos, mas também tesouros, tecidos de ouro e encantamentos tecidos em silêncio.
Natureza Ambígua
As lendas falam de sua dualidade:
Em algumas noites, são benevolentes, protetoras, ajudando viajantes perdidos ou oferecendo conselhos às mulheres e crianças.
Em outras, mostram-se caprichosas, brincalhonas ou até perigosas, deixando quem ousa invadir seus domínios sob feitiço ou desorientado no meio da noite.
Rituais e Magia
Conta-se que as Janas tecem ao luar, entrelaçando fios invisíveis que unem o mundo humano ao espiritual.
Cada canto, cada gesto, guarda uma promessa ou uma maldição, dependendo do coração de quem cruza seu caminho.
Símbolo e Mistério
Mais do que simples criaturas do folclore, as Janas são guardiãs da memória ancestral da ilha.
Representam a ponte entre os vivos e os mortos, entre o visível e o invisível, entre a pedra eterna e o sopro da imaginação.
Origem e Significado das Domus de Janas
As Domus de Janas foram construídas por comunidades pré-nurágicas entre o Neolítico e o Calcolítico, há aproximadamente 5.000 anos.
Serviam como túmulos coletivos e reproduziam, em pedra, a arquitetura das habitações da época, com divisões internas, colunas e nichos.
O nome popular, “casas de fada”, deriva da tradição folclórica sarda que imaginava esses espaços como moradias de seres mágicos as janas, pequenas fadas ou feiticeiras da mitologia local.
Dimensão e Distribuição
Estima-se que a Sardenha possua mais de 3.000 Domus de Janas, dispersas em toda a ilha.
Elas podem aparecer de forma isolada, escavadas em encostas e rochedos, ou organizadas em verdadeiras necrópoles, revelando a complexidade social e ritual dessas comunidades antigas.
Sítios Arqueológicos Importantes
Necropolis of Anghelu Ruju (Alghero): um dos maiores e mais impressionantes conjuntos, com dezenas de câmaras funerárias abertas no arenito.
Su Crucifissu Mannu (Porto Torres): sítio visitável, de grande importância para o estudo da arquitetura funerária pré-histórica.
Sant’Andrea Priu (Bonorva): complexo com várias tumbas, que recentemente revelou novos achados arqueológicos.
Relação com as Tombe dei Giganti
Além das Domus de Janas, a Sardenha abriga outro conjunto funerário singular: as Tombe dei Giganti (“Túmulos dos Gigantes”).
Diferentemente das casas de fada, que são escavadas na rocha, esses monumentos megalíticos foram construídos com grandes blocos de pedra, em formato alongado, e também serviam como sepulturas coletivas.
Conservação e Visitação
Atualmente, muitos desses sítios estão abertos ao público e protegidos por leis regionais de preservação cultural.
Alguns, como Anghelu Ruju e Sant’Andrea Priu, possuem infraestrutura de visitação guiada.
Há também esforços recentes para valorizar e proteger esses bens como patrimônio histórico e turístico, dada sua relevância para a identidade da Sardenha.
As Domus de Janas são testemunhos extraordinários de um passado remoto, em que comunidades pré-históricas deixaram impressa na pedra sua visão de mundo e seus rituais.
Ao mesmo tempo, carregam um valor simbólico que atravessou os séculos, alimentando mitos e tradições.
Mais do que simples tumbas, são espaços que unem história, arqueologia e imaginação popular, tornando a Sardenha um destino de fascínio único para estudiosos e visitantes.




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