China desenvolve estação subaquática a 2.000 metros de profundidade
- Thais Riotto
- 4 de jul.
- 2 min de leitura
A China está prestes a dar um passo ousado na exploração dos oceanos com um projeto que combina tecnologia futurista, pesquisa científica e interesses geopolíticos: a construção de uma estação subaquática a mais de 2 mil metros de profundidade.
O plano prevê missões de longa duração com equipes de cientistas vivendo por mais de 40 dias consecutivos em um ambiente completamente submerso, como se estivessem em uma estação espacial só que no fundo do mar.
Localizada no Mar do Sul da China, uma região marcada por tensões geopolíticas, a estação terá capacidade para acomodar seis pesquisadores.
O local escolhido não é por acaso: ali existem formações geológicas chamadas de “cold seeps” áreas onde ocorre o vazamento de hidratos de metano, uma fonte energética promissora e ainda pouco explorada.
A presença desses depósitos pode indicar riquezas minerais como cobalto, níquel e terras raras, cruciais para a indústria tecnológica global.
O projeto, que já está em desenvolvimento, integra uma complexa infraestrutura subaquática com sistemas de comunicação via fibra óptica, robôs autônomos, submersíveis tripulados e sensores capazes de monitorar o ambiente marinho em tempo real.
Segundo autoridades chinesas, a estação será equipada com um sistema de suporte à vida de longo prazo, permitindo que os cientistas vivam e trabalhem no leito marinho em missões prolongadas.
Além dos objetivos científicos e energéticos, o projeto também levanta discussões sobre possíveis usos militares e estratégicos.
Especialistas internacionais apontam que a estação faz parte de uma política mais ampla da China de controle sobre o Mar do Sul, onde diversos países, como Filipinas, Vietnã e Malásia, também reivindicam soberania.
Há ainda quem veja ligação direta com o chamado programa da "Grande Muralha Submarina", uma rede de sensores de vigilância oceânica com possíveis finalidades militares.
Do ponto de vista ambiental, o projeto chama a atenção de ambientalistas e pesquisadores.
A extração de recursos em grandes profundidades pode provocar desequilíbrios significativos em ecossistemas frágeis e pouco compreendidos.
Organizações internacionais já propõem uma moratória global para esse tipo de exploração até que se estabeleçam regras mais claras de preservação dos fundos marinhos.
A previsão é que a estação esteja operacional até 2030.
Se concretizada como planejado, ela poderá se tornar um dos projetos mais ambiciosos da história da oceanografia moderna e um possível divisor de águas na forma como os países encaram a ocupação e exploração dos oceanos.
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