Cooper’s Hill Cheese-Rolling: O Estranho Festival do Queijo que Rola
- Thais Riotto
- 19 de nov.
- 3 min de leitura
Local: Brockworth, Gloucestershire, Inglaterra.
O Cooper’s Hill Cheese-Rolling and Wake é um dos festivais mais excêntricos do mundo, realizado anualmente em Brockworth, Gloucestershire, Inglaterra.
Durante o evento, um queijo redondo de Double Gloucester, pesando cerca de 3 a 4 kg, é lançado morro abaixo, e os competidores correm atrás dele tentando alcançar a linha de chegada antes do queijo.
O evento chama atenção por sua combinação de tradição, espetáculo e risco extremo, sendo frequentemente citado em listas de festivais “mais estranhos” do mundo.
História e origens
A primeira referência escrita ao festival data de 1826, mas relatos e hipóteses sugerem que a prática é bem mais antiga, possivelmente originada de ritos pagãos ligados à fertilidade e ao ciclo agrário, ou de tradições locais associadas aos direitos de pastagem.
Originalmente, o Cheese-Rolling era uma celebração rural ligada a datas importantes do calendário agrícola, como o Spring Bank Holiday, e servia como entretenimento para a comunidade local.
Com o tempo, a festa se tornou um evento internacional, atraindo competidores e espectadores de diferentes países.
Formato e regras
O festival acontece em um morro extremamente íngreme, com declive estimado em cerca de 50% (aproximadamente 26,6°).
Um queijo é solto do topo, e os competidores descem correndo atrás dele, muitas vezes sofrendo quedas, rolamentos e torções.
O vencedor é quem atravessa a linha de chegada primeiro; curiosamente, o queijo raramente é alcançado. Existem corridas separadas para homens, mulheres e crianças, e versões mais leves para os pequenos.
O evento é coordenado por voluntários, com equipes de primeiros socorros e presença significativa de público, transformando a tradição local em um espetáculo visual.
Riscos e controvérsias
O Cheese-Rolling é considerado extremamente perigoso.
Quedas, fraturas e contusões são comuns, o que motivou várias proibições ou restrições legais ao longo dos anos.
Em alguns períodos, o conselho local tentou suspender o evento por questões de segurança, mas versões não oficiais continuaram a ocorrer, organizadas por fãs e entusiastas.
A tensão entre tradição popular e responsabilidade pública destaca o desafio de preservar a cultura local ao mesmo tempo que se protege a integridade física dos participantes.
Personagens e vencedores
O festival também é marcado por personagens lendários. Competidores repetidos, como Chris Anderson, conquistaram várias vitórias, e mais recentemente, participantes internacionais têm chamado a atenção da mídia.
Esse intercâmbio transnacional demonstra a dimensão global que o evento alcançou, ao mesmo tempo em que mantém suas raízes locais.
Os vencedores se tornam parte da narrativa do festival, e suas façanhas são amplamente divulgadas em reportagens e vídeos virais.
Presença na cultura e mídia
O Cheese-Rolling ganhou notoriedade global graças à mídia. Fotografias em câmera lenta, transmissões de televisão, reportagens e vídeos do YouTube transformaram a tradição local em um símbolo do folclore britânico excêntrico.
O evento é frequentemente retratado como um espetáculo bizarro, divertido e perigoso, atraindo curiosos que desejam testemunhar a coragem dos participantes e a imprevisibilidade do queijo rolando morro abaixo.
Significado antropológico e cultural
Do ponto de vista antropológico, o festival pode ser interpretado como a sobrevivência de ritos agrários transformados em espetáculo moderno.
Ele evidencia a tensão entre tradição local e turismo global, mostrando como práticas populares podem se tornar commodities culturais.
O evento também levanta questões sobre o risco ritualizado, a performatividade do corpo e a relação entre entretenimento e perigo.
Comparações com outras festas de risco, como corridas de touros ou saltos tradicionais, reforçam o estudo do Cheese-Rolling como fenômeno cultural singular.
O Cooper’s Hill Cheese-Rolling é mais do que uma simples corrida atrás de um queijo; é uma combinação única de tradição, folclore, espetáculo e risco.
A prática, que atravessa séculos, continua a atrair atenção mundial, desafiando a razão e celebrando a coragem e a irreverência humana.





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