Arqueologia Submersa - Naufrágio do “Navio Fantasma” F.J. King
- Thais Riotto
- 3 de out.
- 4 min de leitura

O estudo de naufrágios históricos representa uma oportunidade única de compreender a navegação, comércio e vida cotidiana de períodos passados.
O F.J. King, uma escuna de carga construída em Toledo, Ohio, em 1867, tornou-se um dos mistérios mais duradouros dos Grandes Lagos, nos Estados Unidos.
Afundado há quase 140 anos, sua localização foi finalmente descoberta em 2025, revelando um estado de conservação surpreendentemente intacto.
Contexto Histórico
O F.J. King era uma escuna de 44 metros utilizada para transporte de minério de ferro entre Escanaba, Michigan, e Chicago. No dia 15 de setembro de 1886, durante uma tempestade repentina no Lago Michigan, a embarcação naufragou.
Apesar de toda a tripulação ter sido resgatada, o navio desapareceu sem deixar rastros, dando origem à lenda do “navio fantasma”.
Ao longo de décadas, diversas tentativas de localizar o naufrágio falharam, reforçando seu status de enigma histórico e atraindo interesse de historiadores, arqueólogos e mergulhadores profissionais.
Descoberta e Tecnologia Aplicada
Em 2025, pesquisadores da Wisconsin Underwater Archeology Association utilizaram tecnologia avançada de radar de varredura lateral e mapeamento subaquático para identificar a posição exata do F.J. King, a cerca de 30 metros de profundidade, próximo a Baileys Harbor, Wisconsin.
A utilização de ferramentas modernas de prospecção subaquática, como sonares multifeixe e drones submersos, foi essencial para localizar e mapear o navio sem causar danos à sua estrutura frágil.
Estado de Conservação
Surpreendentemente, o casco da escuna permanece praticamente intacto, com seus três mastros visíveis.
Este nível de preservação é raro para navios submersos há mais de um século, especialmente aqueles que transportavam cargas pesadas como minério de ferro. O achado fornece uma oportunidade única para estudar:
Técnicas de construção naval do final do século XIX.
Materiais e métodos de conservação subaquática.
A influência das tempestades e correntes lacustres na deterioração de embarcações.
Segundo Brandon Baillod, arqueólogo da Wisconsin Underwater Archeology Association, “O estado do F.J. King nos permite analisar o design de contratorpedeiros da época, algo que raramente se encontra tão bem preservado”.
Importância Arqueológica e Cultural
O F.J. King representa um patrimônio histórico subaquático de grande relevância, oferecendo insights sobre:
O comércio de minério de ferro nos Grandes Lagos.
A vida dos marinheiros e técnicas de navegação do século XIX.
A evolução do design de embarcações de carga.
Além disso, o naufrágio contribui para o turismo histórico subaquático e pode servir como laboratório natural para estudos em conservação de materiais e ecologia submersa, considerando que estruturas submersas tornam-se habitats artificiais para diversas espécies aquáticas.
Mapeamento da Pesquisa
Mapeamento detalhado do naufrágio: utilizando sonares multifeixe e fotogrametria subaquática.
Registro fotográfico e 3D: para documentar e monitorar o estado de conservação ao longo do tempo.
Estudos de material e preservação: análise do casco e mastros para entender os efeitos da água doce e do tempo sobre materiais do século XIX.
Educação e divulgação científica: desenvolvimento de exposições virtuais, realidade aumentada e conteúdos para escolas e universidades.
Impacto ambiental: avaliação do naufrágio como habitat submerso para fauna lacustre, promovendo pesquisa interdisciplinar em arqueologia e ecologia.
Linha do Tempo do Naufrágio do “Navio Fantasma” F.J. King
1867 – Construção da escuna F.J. King
O navio é construído em Toledo, Ohio.
Escuna de carga de 44 metros, projetada para transporte de minério de ferro.
1886 (15 de setembro) – Naufrágio
Durante o transporte de minério de ferro de Escanaba, Michigan, para Chicago, a embarcação enfrenta uma tempestade repentina no Lago Michigan.
O navio afunda próximo a Baileys Harbor, Wisconsin.
Toda a tripulação é resgatada, mas o navio desaparece sem deixar vestígios, iniciando a lenda do “navio fantasma”.
1886 – 1920s – Primeiras tentativas de localização
Pesquisadores e mergulhadores tentam localizar o navio sem sucesso.
O F.J. King se torna um dos mistérios mais duradouros da navegação nos Grandes Lagos.
1920s – 2000s – Busca periódica e relatos históricos
Relatórios esporádicos de avistamentos e rastros do navio são registrados.
Tentativas limitadas de mapeamento subaquático, mas com tecnologia insuficiente para encontrá-lo.
2000s – 2020 – Avanços tecnológicos e mapeamento subaquático
Uso crescente de sonares multifeixe, radar de varredura lateral e drones submersos.
Pesquisas sistemáticas começam a localizar possíveis destroços na região de Baileys Harbor.
Setembro de 2025 – Descoberta oficial do F.J. King
A Wisconsin Underwater Archeology Association identifica o naufrágio a cerca de 30 metros de profundidade.
O casco está praticamente intacto, com mastros ainda visíveis.
O navio é classificado como patrimônio histórico subaquático.
2025 em diante – Projetos de arqueologia e conservação
Início de estudos detalhados do naufrágio, incluindo mapeamento 3D e monitoramento ambiental.
Criação de projetos educativos, exposições virtuais e pesquisas interdisciplinares sobre a história e ecologia do local.
A descoberta do F.J. King encerra um mistério histórico de 140 anos e inaugura uma nova fase na arqueologia submersa dos Grandes Lagos.
O projeto proposto permitirá não apenas o estudo detalhado do navio, mas também sua preservação e valorização como patrimônio cultural, científico e educativo.







Comentários